Selic sobe a 15%: BC surpreende e mantém juros no maior nível desde 2006

O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 15% ao ano na reunião de 18 de junho de 2025, surpreendendo o mercado e levando os juros ao maior patamar desde 2006. Foi a sétima alta consecutiva, contrariando as apostas de 61% dos analistas, que esperavam uma pausa.

A decisão foi unânime e veio acompanhada de um comunicado firme: o ciclo de altas está tecnicamente encerrado, mas o Banco Central (BC) não descarta novos aumentos, caso a inflação persista acima da meta.

Inflação segue desancorada e BC adota tom duro

O principal fator para a manutenção dos juros elevados é a inflação, que acumula 5,3% nos últimos 12 meses, bem acima da meta de 3%. O BC destacou que as expectativas inflacionárias seguem desancoradas, refletindo pressão sobre preços e riscos fiscais.

Além disso, a atividade econômica segue aquecida, com mercado de trabalho resiliente e consumo firme, o que reforça a necessidade de juros altos para conter a demanda.

Mercado reage com cautela

A decisão do Copom teve impacto imediato no mercado:

  • Ibovespa fechou praticamente estável, refletindo cautela dos investidores.

  • Dólar operou perto de R$ 5,50, sem grandes variações.

  • Raízen (RAIZ4) caiu 4,3% após uma revisão negativa da agência Fitch.

  • Embraer (EMBR3) subiu cerca de 4%, impulsionada por um pedido de 60 aeronaves da Skywatch.

As maiores pressões recaíram sobre empresas dos setores cíclicos e de varejo, mais sensíveis ao aumento dos juros e ao crédito mais caro. Por outro lado, bancos podem se beneficiar com o aumento do spread, embora enfrentem retração no volume de crédito. Empresas exportadoras e do setor de commodities podem ser favorecidas por um câmbio mais elevado, embora o dólar tenha se mantido relativamente estável.

Juros altos devem permanecer até 2026

De acordo com análises de bancos como Itaú, Rio Bravo, XP e Asset 1, o início dos cortes na Selic só deve ocorrer em 2026, possivelmente a partir de dezembro, caso haja melhora significativa no quadro fiscal e na inflação.

O Banco Central deixou claro que, mesmo após o fim do ciclo de alta, os juros permanecerão elevados por um período prolongado, até que haja confiança na convergência da inflação para a meta.

Cenário exige atenção ao fiscal e à inflação

A Selic a 15% representa o auge do atual ciclo de aperto monetário. No entanto, a evolução da inflação, das contas públicas e do cenário externo serão determinantes para definir os próximos passos da política monetária.

Enquanto isso, o mercado seguirá monitorando de perto os dados econômicos e os sinais do Banco Central sobre a condução dos juros nos próximos trimestres.

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