
Cerca de 30 ocorrências de animas já foram registradas nas imediações do parque. A espécie é resultado do cruzamento entre javalis e porcos domésticos e tem origem na Europa, Ásia e norte da África. Conheça o Javaporco, animal que pode causar prejuízos à fauna nativa
Ambientalistas mapearam a presença de javaporcos no Parque Nacional da Serra do Cipó, um dos principais destinos turísticos de Minas Gerais, e em outras regiões do estado. A espécie, que é resultado do cruzamento entre javalis e porcos domésticos, ameaça a fauna nativa e prejudica a produção agrícola.
De acordo com Renato Diniz Dumont, servidor do Parque Nacional da Serra do Cipó, os primeiros sinais da presença dos javaporcos surgiram durante uma ação de fiscalização em áreas altas da unidade de conservação.
“Identificamos um macho adulto e filhotes. Em seguida, levantamos cerca de 30 ocorrências em municípios do entorno”, afirmou.
Os animais já foram vistos em Santana do Riacho, Conceição do Mato Dentro, Morro do Pilar, Itambé do Mato Dentro, Itabira, Nova União, Taquaraçu de Minas e Jaboticatubas, cidades das regiões Central e Metropolitana.
O avanço dos animais em áreas agrícolas também preocupa. No Triângulo Mineiro, produtores relatam perdas de até 30% nas lavouras. Cana-de-açúcar, trigo e sorgo estão entre as produções mais atacadas.
“Eles já chegaram aos chapadões, porque percebem o cheiro de alimentos de longe, numa distância de cinco quilômetros”, relata Osny Zago, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Sacramento
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Origem e comportamento
Os javaporcos são classificados como nocivos à fauna e flora brasileiras. Segundo a analista ambiental Janaína Aguiar, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), a espécie têm origem na Europa, Ásia e norte da África.
Os javaporcos são discretos, costumam se mover em bandos e evitam o contato com humanos.
“Ela é considerada uma espécie invasora pela capacidade de invadir um ambienta natural e afastar a espécie nativa.”, afirmou a especialista.
Na zona rural de Santana do Riacho, moradores relatam encontros e situações de risco. “Nunca vi de perto, mas meu cunhado viu. Diz que eles atacam, são bravos, igual porco sem castrar”, contou o auxiliar de portaria Juscelino Kubstichek de Oliveira.
“Rezo pra não correr esse risco e apaecer atrás de mim. Porque só andam e m fila, em bandos”, acrescentou.
O lavrador Geraldo dos Reis também relata o impacto na rotina da comunidade rural: “Vi um bando de uns 15. Não são grandes, mas fazem um estrago. Onde chegam, comem tudo.”
O que fazer ao avistar um javaporco?
A criação desses animais é proibida no Brasil. Caso veja um, evite qualquer ação direta e entre em contato com os órgãos ambientais responsáveis da sua região. A recomendação das autoridades é de não tentar se aproximar ou capturar o animal.
“A orientação é comunicar imediatamente o ICMBio, a Polícia Florestal ou a Secretaria Estadual de Meio Ambiente”, reforçou Renato Dumont.
O monitoramento dos javaporcos no Parque Nacional da Serra do Cipó continua sendo feito por especialistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Segundo os pesquisadores, os animais não são vistos dentro da unidade há alguns meses, mas o risco de retorno permanece.
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TV TEM/Reprodução
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