Selic a 15% derruba Bolsa, mas abre oportunidades em Vale, Petrobras e Embraer

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic para 15% ao ano, na reunião de junho de 2025. Este é o maior patamar em 19 anos, desde outubro de 2006, e reflete uma resposta dura ao cenário de inflação desancorada, combinada com alta dos combustíveis, alimentos e efeitos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.

O comunicado do Copom trouxe um tom significativamente mais rígido, ao afirmar que os juros permanecerão altos por um período “muito prolongado”, o que eliminou apostas do mercado em cortes até, pelo menos, abril de 2026, segundo projeções do UBS BB e demais agentes financeiros.

A decisão surpreendeu investidores e derrubou o mercado. O Ibovespa caiu 1,14%, fechando a 137.140 pontos, com forte influência da queda de grandes empresas como Vale e bancos.

Impacto imediato da Selic a 15%: renda fixa vencedora, Bolsa pressionada

  • Renda fixa:
    Títulos pós-fixados atrelados ao CDI e Selic disparam em atratividade. Investidores migraram rapidamente para Tesouro Selic, CDBs e LCIs, impulsionando o fluxo para a renda fixa.

  • Tesouro Direto:
    Títulos de longo prazo, como Tesouro IPCA+ e prefixados, registraram quedas, com elevação nos juros futuros, reflexo da expectativa de Selic alta por mais tempo.

  • Ações:
    Setores mais dependentes de crédito e commodities foram os mais afetados. Aumento do custo de capital pressiona margens e lucros futuros.

Vale (VALE3) derrete com Selic alta e minério em queda

A Vale (VALE3) caiu 2,58% no pregão de 20 de junho, pressionada pela Selic em 15% e pela queda do minério de ferro, que recuou para US$ 98 por tonelada, menor nível desde 2022, refletindo desaceleração na demanda chinesa e aumento da oferta global.

Mesmo com o cenário negativo, analistas destacam que a ação ficou extremamente atrativa para dividendos:

  • Dividend yield projetado 2025: entre 9,5% e 10,5%

  • P/L: 7,2x, abaixo da média histórica

  • P/VP: 1,12, considerado descontado frente aos fundamentos da companhia

O valuation atual sugere uma margem de segurança superior a 20%, segundo dados do Valor Investe.

Petrobras (PETR4) projeta dividendos extraordinários em 2025

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, confirmou que a estatal fará esforços para pagar dividendos extraordinários ainda em 2025, desde que o cenário do petróleo se mantenha favorável.

O barril do Brent subiu para US$ 75, impulsionado por tensões no Oriente Médio e cortes na oferta global. Esse movimento fortalece o caixa da estatal, que mantém a política de distribuir 45% do fluxo de caixa livre (FCF).

  • Cotação atual: R$ 32,95

  • Dividend yield: 16,85%

  • P/L: 8,79x

  • P/VP: 1,07x

A estatal permanece como uma das maiores pagadoras de dividendos da Bolsa, combinando forte geração de caixa e valuation atrativo.

Bradesco (BBDC3/BBDC4) anuncia JCP bilionário

O Bradesco aprovou o pagamento de R$ 3 bilhões em Juros Sobre Capital Próprio (JCP), conforme comunicado à CVM.

  • Valor por ação:

    • BBDC3: R$ 0,27

    • BBDC4: R$ 0,29 (10% a mais)

  • Data com: 30 de junho de 2025

  • Pagamento até: 31 de janeiro de 2026

O banco negocia com múltiplos descontados:

  • P/L: 8x

  • P/VP: 0,89x

  • Dividend yield: 6%

A ação acumula +36,48% nos últimos 12 meses, impulsionada pela recuperação operacional e aumento na distribuição de dividendos.

Eletrobras (ELET6) dispara após decisão da Aneel sobre RBSE

A Aneel definiu o reembolso da RBSE (Rede Básica do Sistema Existente), garantindo à Eletrobras um repasse de R$ 5,5 bilhões por ano entre 2025 e 2028, o que reforça significativamente seu caixa.

O Bradesco BBI elevou o preço-alvo da ação em 40%, para R$ 65, destacando redução dos riscos regulatórios e melhoria nas projeções operacionais.

  • Cotação atual: R$ 43,77

  • P/L: 10,5x

  • P/VP: 0,84x

  • Dividend yield: 4,42%

  • Valorização em 2025: +19,1%

A decisão da Aneel foi considerada o principal gatilho de valorização da empresa para os próximos trimestres.

Embraer (EMBR3) decola após pedido bilionário no Paris Air Show

A Embraer anunciou, durante o Paris Air Show 2025, um contrato firme com a SkyWest para a venda de 60 jatos E175, com opção de mais 50 aeronaves, totalizando US$ 3,6 bilhões.

Esse contrato representa:

  • 26% do backlog da aviação comercial da Embraer

  • 10% do backlog total da companhia

As entregas começam em 2027, fortalecendo a presença da fabricante no mercado norte-americano.

  • Cotação atual: R$ 72,16

  • Valorização em 12 meses: +92,19%

  • P/L: 24,3x (expansão por crescimento)

  • P/VP: 2,93x

  • Dividend yield: 0,37% (empresa prioriza reinvestimento)

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