A Petrobras viu seu valor de mercado encolher em R$ 23,1 bilhões em poucas semanas, após a forte desvalorização do petróleo no mercado internacional. O movimento foi impulsionado por incertezas geopolíticas, como o tarifaço proposto por Donald Trump contra a China. Mas em meio à turbulência, muitos investidores se perguntam: será que ainda compensa comprar ações da Petrobras, especialmente a PETR4, focando em dividendos?
Queda do petróleo e conflitos globais derrubam a PETR4
O barril do petróleo Brent caiu bruscamente nas últimas semanas, resultado direto da escalada comercial entre EUA e China. Embora Trump tenha recuado e prorrogado por 90 dias o início das tarifas para diversos países, a China permaneceu como alvo principal, o que manteve a pressão negativa sobre o preço do petróleo — e, consequentemente, sobre as ações da Petrobras, Prio e Brava Energia.
Reeleição da presidência e o desafio dos dividendos
Em meio à crise, a Petrobras confirmou a recondução de Magda Chambriard à presidência até 2027. No entanto, o contexto é desafiador. A recente queda do preço da commodity afeta diretamente o fluxo de caixa da empresa, base para sua política de dividendos. Ao contrário de outras companhias, que distribuem com base no lucro líquido, a Petrobras paga 45% do seu fluxo de caixa livre — que tem sido afetado pelos altos investimentos e margens menores.
Resultados fracos em 2024: lucro caiu mais de 70%
A Petrobras registrou uma queda drástica no lucro líquido em 2024, passando de R$ 124,6 bilhões em 2023 para cerca de R$ 36,5 bilhões (R$ 7,5 bilhões em dólares). Isso representa uma retração de mais de 70%, motivada principalmente pela variação cambial em dívidas no exterior e pela queda do petróleo no quarto trimestre.
Além disso, o mercado ainda aguarda o próximo anúncio de dividendos, que deve ocorrer entre abril e maio, conforme a agenda da empresa. A expectativa é de um valor entre R$ 0,50 e R$ 0,60 por ação — muito abaixo dos generosos dividendos pagos em 2022 e 2023.
PETR4 ou PETR3: qual a melhor escolha para dividendos?
A análise da Ativo Virtual, com base no modelo do dividendo preditivo, mostra que a PETR4, ação preferencial, continua sendo a melhor opção para investidores interessados em rendimento. Ela oferece maior liquidez e costuma pagar dividendos mais elevados, mantendo os mesmos direitos de proteção (tag along) que a PETR3.
Para 2025, a projeção otimista do Ativo Virtual prevê um fluxo de caixa livre de R$ 92 bilhões. Com payout de 45%, o dividendo por ação (DPA) poderia chegar a R$ 4,21. Nesse cenário, o preço teto ideal para garantir:
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4% de yield: até R$ 105,22
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6% de yield: até R$ 70,14
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8% de yield: até R$ 52,61
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10% de yield: até R$ 42,90
Hoje, com a PETR4 cotada entre R$ 31 e R$ 32, o desconto é evidente — mas a volatilidade também.
Análise técnica: região de suporte e potencial de valorização
Apesar da queda recente de quase 19% em duas semanas, o papel opera numa região considerada forte de suporte (R$ 30,79 a R$ 31,26). Se o cenário macro se estabilizar, as ações podem retomar rapidamente os R$ 35 ou até R$ 38,97.
Mas é preciso cautela: o cenário ainda é instável, com riscos de recessão global e indefinição sobre as próximas medidas da política externa dos EUA. Para investidores que seguem uma estratégia de renda, a dica é respeitar o preço teto e manter a visão de longo prazo.
O post Petrobras despenca R$ 23 bi em valor de mercado: ainda vale a pena investir nas ações PETR4? apareceu primeiro em O Petróleo.