Proteção e omissão

Esperar acontecer para depois agir tem sido o erro atribuído a Epimeteu, a quem coube criar a fauna, segundo a tradição mítica; seu irmão, Prometeu, apaixonado pela espécie humana, ao invés, pensava antes de fazer algo.Por contraste, a ilustração serve de didatismo para verificarmos a oportunidade de prevenção a fim de evitar desastres como o resultante na morte de oito pessoas em passeio de balão fatalmente interrompido.O cenário era de céu colorido, em dia de alegria, a realização do sonho de Ícaro. No entanto, assim como ele, derretendo as asas de cera, por imperícia ou excesso de otimismo de quem comandava o equipamento.Como antes tarde, o Ministério do Turismo movimentou-se para anunciar uma reunião com representantes do setor com o objetivo de abreviar a regulamentação da atividade.Ora, sabe-se a dificuldade da cidadania em boas práticas de convívio, agravada esta limitação, produzida por déficit educacional, adicionada a expansão de ideário de rejeição ao Estado e às leis por parte da população.O contexto inflamante de um brinquedo caro, capaz de atrair investidores e aficionados, já vinha sinalizando a necessidade de enrijecer as leis, tal a quantidade de aparelhos causando incêndios. No entanto, permanece o balonismo como “atividade aerodesportiva”; praticantes e adeptos se automonitoram, em “Nirvana” inflado a ingenuidade e má fé.Há 55 anos, algum morador destas plagas já poderia ter sugerido normas, pois foi coincidentemente no Brasil de 1970 o ponto de decolagem do novo desporto, estreado em Araraquara, São Paulo. Assim como ocorre em outros aspectos do perfil da gente brasileira, a coisa acontece pela metade, sem maiores preocupações protetivas, restando a culpa da omissão.Os corpos carbonizados das vítimas de tão sofrido desencarne sinalizam o atestado de apatia geral de balonistas e tripulantes, alcançando os “mass-media” em “mea culpa”, pois não se tem conhecimento de alguma pauta de alerta.
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