
Presidente dos EUA usou palavras fortes e até um palavrão ao dizer que Israel e Irã violaram acordo nas primeiras horas cessar-fogo, na terça (24). Países respeitam trégua nesta quarta. ‘Papai tem que usar linguagem forte’, diz secretário da Otan sobre bronca de Trump
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou nesta quarta-feira (25) que “às vezes, o papai precisa usar linguagem forte” sobre a “bronca” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a Israel e Irã por violarem o cessar-fogo na terça-feira.
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Rutte se encontrou com Trump na cúpula da aliança militar em Haia, na Holanda, nesta quarta-feira, e elogiou a “bronca” do presidente americano direcionada aos dois países, que incluiu o uso de um palavrão. Israel e Irã estavam nas primeiras horas do cessar-fogo de um conflito direto quando se atacaram, e o presidente americano rapidamente exigiu que os países não se agredissem novamente.
Trump comparava Israel e Irã a duas crianças —como já fez com Ucrânia e Rússia, que travam guerra desde fevereiro de 2022—, quando Rutte falou de forma que o presidente americano seria o “papai” dos dois países do Oriente Médio. Veja abaixo.
“Eles [Israel e Irã] não vão continuar brigando. Já deu. Tiveram uma briga grande, como duas crianças no pátio da escola. Sabe como é, elas brigam para valer, você não consegue parar. Deixa brigar por uns dois, três minutos, aí depois fica mais fácil de os separar”, disse Trump.
“E aí o papai às vezes precisa usar uma linguagem mais dura”, interpelou Rutte.
“Você tem que usar uma linguagem forte. De vez em quando, precisa usar uma certa palavra”, respondeu Trump.
‘Às vezes, o papai tem que usar linguagem forte’, diz secretário-geral da Otan a Trump sobre ‘bronca’ do presidente dos EUA a Israel e Irã. Rutte e Trump se encontraram em cúpula da aliança militar em 25 de junho de 2025.
REUTERS/Yves Herman
As falas fizeram referência ao palavrão utilizado por Trump durante a bronca dada a Israel e Irã, quando disse não estar feliz com nenhum dos dois países e exigiu o cumprimento do cessar-fogo.
“Não estou feliz com Israel. Não estou feliz com o Irã também, mas realmente não estou feliz com Israel (…) Quer saber? Temos, basicamente, dois países que estão brigando há tanto tempo e com tanta intensidade que já não sabem que p***a estão fazendo”, afirmou o presidente norte-americano ao embarcar para a cúpula da Otan.
Trégua mediada por Trump
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala sobre cessar-fogo entre Israel e Irã e diz que ‘precisa acalmar Israel’ em 24 de junho de 2025.
REUTERS/Kevin Lamarque
O cessar-fogo no conflito entre Israel e Irã anunciado por Trump ocorreu após uma ligação do republicano com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. A informação é da agência de notícias Reuters, com base na declaração de um alto funcionário da Casa Branca.
O funcionário, que forneceu detalhes do cessar-fogo sob condição de anonimato, disse que Israel concordou com a trégua desde que o Irã não lançasse novos ataques. O Irã sinalizou que cumpriria o acordo, afirmou o funcionário.
Sob as condições anunciadas por Trump, o conflito seria completamente encerrado a partir desta terça-feira. Horas após o anúncio, o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que não havia acordo ou suspensão das operações militares.
A mídia do Irã, no entanto, confirmou o início do cessar-fogo. Segundo a agência Reuters, o Irã concordou com a proposta durante uma ligação telefônica com a participação do primeiro-ministro do Catar.
Estavam em contato direto e indireto com os iranianos o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, o secretário de Estado, Marco Rubio, e o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, de acordo com o funcionário.
Trump e Vance discutiram uma proposta de cessar-fogo entre Israel e Irã com o emir do Catar. A conversa ocorreu após o ataque iraniano a uma base americana no país, também nesta segunda-feira.
Segundo a agência, uma fonte com conhecimento das negociações afirmou que Trump disse ao emir que Israel havia concordado com o cessar-fogo. Durante o diálogo, o presidente americano também pediu ajuda do Catar para convencer o Irã a aceitar o acordo.
Donald Trump anuncia cessar-fogo entre Irã e Israel
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O conflito
A ofensiva começou no dia 13 de junho, quando Israel lançou uma operação preventiva para conter o avanço do programa nuclear iraniano. Nos últimos dez dias, dezenas de pessoas morreram e milhares ficaram feridas — a maioria civis, segundo autoridades dos dois países.
Desde o início do conflito, forças israelenses bombardearam alvos militares e nucleares em território iraniano. Em resposta, o Irã prometeu vingança e lançou mísseis contra Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.
Israel alega que o regime de Teerã está próximo de obter uma bomba atômica. Por isso, o governo de Netanyahu justificou os ataques como uma tentativa de neutralizar o que considera uma ameaça à existência do país.
No último fim de semana, os Estados Unidos lançaram um ataque contra alvos nucleares iranianos. O principal foco da operação americana foi a usina de Fordow. A instalação subterrânea fica a 80 metros da superfície e abrigava centrífugas para enriquecimento de urânio.
Nesta segunda, o Irã retaliou o ataque e lançou mísseis contra uma base militar americana no Catar. Autoridades norte-americanas e catarianas afirmaram que os projéteis foram interceptados e que os danos foram mínimos. Não houve registro de mortes ou feridos.
A imprensa americana informou que o Irã avisou os EUA e o Catar sobre o ataque com horas de antecedência. O objetivo seria lançar uma resposta simbólica e que evitasse uma escalada no conflito.
INFOGRÁFICO – Arte explica ataque dos EUA ao Irã e resposta de Teerã.
Arte/g1