O dólar acumula uma queda de cerca de 12% em 2025, saindo de R$ 6,30 no início de janeiro para cerca de R$ 5,49 no fim de junho. A moeda americana perdeu força não só frente ao real, mas diante de diversas outras moedas ao redor do mundo. Os principais motivos? Juros altos no Brasil, cortes nas taxas americanas, fuga de capitais dos EUA e incertezas sobre a política econômica de Donald Trump.
O Brasil atualmente oferece uma das maiores taxas de juros reais do mundo. Com a Selic em 15% ao ano — o maior nível em 20 anos —, o país tem atraído investidores estrangeiros em busca de rentabilidade na renda fixa. A entrada maciça de dólares fortalece o real e pressiona a cotação da moeda americana para baixo.
Juros altos aqui, juros baixos lá
Enquanto o Brasil sobe juros para conter a inflação — que se aproxima de 6% em 2025 —, os Estados Unidos estão no caminho oposto. A taxa básica americana caiu de 5,5% para 4,5% desde o fim de 2024 e pode terminar o ano entre 3,75% e 4%, conforme estimativas do mercado. Essa diferença reforça o fluxo de capital para países emergentes, como o Brasil.
Além disso, a inflação nos EUA está sob controle, oscilando entre 2,3% e 2,4%, o que permite ao Federal Reserve (Fed) manter o ciclo de cortes, mesmo com a perspectiva de crescimento do PIB americano revisada para baixo, de 1,7% para 1,4% neste ano.
Política de Trump e tarifas comerciais pressionam o dólar
A retomada da política tarifária por Donald Trump impactou diretamente o dólar em 2025. O aumento de tarifas sobre produtos importados, principalmente da China, elevou os custos para a economia americana, gerando um efeito inflacionário e reduzindo a confiança dos investidores na moeda americana. O índice DXY, que mede o dólar frente a outras moedas fortes, acumula queda de 9,8% no ano.
Risco de reversão: o dólar vai continuar caindo?
Apesar da queda recente, analistas alertam para o risco de reversão. Historicamente, o dólar tende a se valorizar frente ao real no longo prazo, dado o diferencial de estabilidade econômica e inflação. Caso o Brasil inicie um ciclo de cortes na Selic ou enfrente turbulências políticas, o câmbio pode voltar a subir.
Além disso, há expectativa de que a inflação nos EUA volte a subir nos próximos meses, o que pode forçar o Fed a manter os juros elevados por mais tempo, dando novo fôlego ao dólar.
IOF, câmbio e oportunidade de dolarização
Mesmo com o IOF para investimentos em 1,1%, especialistas recomendam aproveitar a cotação atual. Uma simulação com a compra de US$ 10 mil mostra que, mesmo pagando IOF mais alto hoje, o custo total pode ser menor do que esperar a redução do imposto e comprar dólares mais caros no futuro.
Por exemplo:
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Cotação atual (R$ 5,50) + IOF (1,1%) = custo total de R$ 55.600
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Cotação futura (R$ 6,00) + IOF reduzido (0,38%) = custo total de R$ 60.228
Ou seja, mesmo com IOF mais alto, comprar agora pode ser mais vantajoso do que esperar — se a cotação subir.
Vale a pena comprar dólar agora?
Com a Selic em 15% e o dólar próximo de R$ 5,50, especialistas consideram o momento favorável para ampliar a exposição cambial. A perspectiva de longo prazo segue sendo de valorização da moeda americana frente ao real, especialmente se os fundamentos brasileiros se deteriorarem novamente.
A recomendação geral é manter parte da carteira dolarizada, aproveitando os preços atrativos e as oportunidades no mercado internacional.
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