Corpo de brasileiro que escalava uma das maiores montanhas do Peru completa 1 ano desaparecido


Família do montanhista Marcelo Motta Delvaux, de 55 anos, afirma que ele morreu ao cair em uma fenda enquanto descia o Nevado Coropuna. No último local de onde GPS emitiu sinal, foram encontrados o aparelho e os bastões de caminhada dele. Marcelo Motta Delvaux desapareceu no Nevado Coropuna em junho de 2024
Instagram/Reprodução
Há um ano, a família de Marcelo Motta Delvaux, de 55 anos, tenta obter o atestado de óbito do montanhista. Para os familiares, ele caiu e morreu em uma fenda na neve enquanto escalava o Nevado Coropuna, terceira montanha mais alta do Peru que abriga um vulcão.
🔎 O Nevado Coropuna tem 6.425 m e está localizado no sul do país e as geleiras são os maiores reservatórios de água doce da região. Cerca de 44 km² são cobertos por gelo e a cordilheira é composta por seis picos.
Marcelo era considerado um profissional experiente. Atuou com montanhismo e também como guia. Ao longo de cerca de 25 anos, escalou mais de 150 montanhas nos Andes e no Himalaia. Costumava passar boa parte do ano em expedições e na condução de grupos pelas montanhas andinas.
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Segundo Patrícia Delvaux, irmã do montanhista, uma equipe com cerca de 20 policiais peruanos tentou resgatar o corpo, mas por questões de segurança, a entrada foi descartada, pois não havia garantias de que a fenda suportaria o peso de uma pessoa ou da equipe, o que levantou preocupações sobre possíveis desmoronamentos ou quedas de neve.
“É um grande descaso. Temos uma advogada nos ajudando e, mesmo assim, não tivemos retorno. O Itamaraty nunca entrou em contato com a gente”, disse Fernanda sobre o trâmites legais para reunir documentos que comprovem a morte do irmão.
Quem era o brasileiro que estava desaparecido em uma das montanhas mais altas do Peru
Desaparecimento foi na descida da montanha
No dia 30 de junho, Marcelo, de Juiz de Fora (MG), chegou ao cume do Coropuna Oeste por volta das 15h. Pouco depois, iniciou a descida. Próximo dos 6.300 metros, o sinal do GPS parou e não voltou a ter deslocamento.
As buscas começaram no dia 4 de julho, conduzidas pela polícia de Arequipa — cidade onde fica a montanha — e por uma equipe de guias contratada pela família. Na montanha, foram encontrados os bastões de caminhada e o GPS de Marcelo.
Equipamento de Marcelo Motta Delvaux foi encontrado perto de fenda
Alta Montanha/Reprodução
A irmã de Marcelo contou que quatro dias depois, uma equipe da polícia chegou a subir na montanha, mas alguns deles passaram mal devido às condições do tempo. Desde então, o corpo dele segue desaparecido no Peru.
Busca pelo atestado de óbito
Apesar de toda a documentação e de relatos das autoridades peruanas sobre o acidente, a família ainda não conseguiu o atestado de óbito.
“Temos coisas para resolver. Não sabemos se Marcelo tinha dívidas ou dinheiro no banco, se possuía seguro. Não sabemos de nada. Todas as questões de patrimônio precisam ser resolvidas. Enquanto isso, seguimos aguardando um desfecho”, desabafou Patrícia.
Em nota enviada ao g1, o Ministério das Relações Exteriores informou que acompanha o caso, presta assistência consular à família e auxilia contatos com o governo local para cuidar da emissão de documentos, como o atestado consular de óbito. Leia a nota na íntegra no final da reportagem.
A reportagem também entrou em contato com o Consulado do Peru no Brasil, mas não recebeu resposta até a publicação desta reportagem.
Família tem ‘dossiê’ enviado pela polícia do Peru
Segundo a Patrícia, a polícia peruana encaminhou à família uma espécie de dossiê com todos os registros e detalhes das tentativas de resgate.
“Temos os relatos, desde quando Marcelo saiu do hotel e não voltou, quando deixou todas as coisas para trás, as queixas e denúncias do desaparecimento por parte da namorada, além das tentativas de resgate pelos guias que tentaram subir a montanha duas vezes, mas não conseguiram, por ser uma área muito complicada. Os equipamentos dele foram encontrados isolados no local”.
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O que diz o Itamaraty
“O Ministério das Relações Exteriores, por meio da Embaixada do Brasil em Lima, acompanha o caso e presta assistência consular à família do brasileiro. Informa-se que, em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as Embaixadas e Consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais.

O traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos, à luz do § 1º do artigo 257 do decreto 9.199/2017. A atuação consular do Brasil pauta-se pela legislação internacional e nacional. Em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, o Ministério das Relações Exteriores não divulga informações pessoais de cidadãos que requisitam serviços consulares e tampouco fornece detalhes sobre a assistência prestada a brasileiros.”
Assista reportagem sobre a luta da família para obter o atestado de óbito
Família de montanhista que morreu no Peru busca atestado de óbito
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