Em um cenário de juros recordes e rombo fiscal no Brasil, uma simulação revela que quem aplicou R$ 20 000 em ações do Banco do Brasil (BBAS3) e R$ 20 000 em Taesa (TAEE11) no topo da Selic, mantendo as posições e reinvestindo dividendos, alcançou 113% de retorno nominal em cerca de 10 anos — transformando R$ 40 000 em aproximadamente R$ 150 000, mesmo após a recente queda das ações.
Contexto macroeconômico: rombos e juros altos
No período analisado, o governo central acumulou déficit de R$ 40,6 bi apenas em maio, enquanto estatais registraram R$ 273 bi de prejuízos nos primeiros quatro meses do ano. A inflação elevada — projetada pelo BC para se manter acima da meta até 2027 — pressionou a Selic a níveis históricos, formando o “topo da Selic” que serviu como ponto de partida da simulação.
Metodologia da simulação
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Data de início: auge da Selic (acima de 14,25% ao ano).
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Aportes iniciais: R$ 20 000 em BBAS3 e R$ 20 000 em TAEE11.
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Reinvestimento de dividendos: todos os proventos foram usados para comprar mais ações sem aportes adicionais.
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Período de análise: início em 2015 até junho de 2025.
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Cálculo de desempenho: soma de dividendos (+R$ 72 500) e ganho de capital (+R$ 40 000), totalizando ~R$ 113 000 de lucro.
Desempenho por papel
TAEE11 (Taesa)
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Dividend Yield médio: 10,25% ao ano.
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Receitas corrigidas por IPCA e IGP-M, protegendo contra inflação.
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Ebitda: salto de R$ 1,7 bi (2015) para R$ 2,7 bi, mesmo com aumento da dívida de R$ 2,2 bi para R$ 4,1 bi.
BBAS3 (Banco do Brasil)
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Ciclo de turnaround: dividendos baixos entre 2015-2020 e retomada a partir de 2021.
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Spreads bancários historicamente comprimidos e alta inadimplência em 2015; hoje spreads maiores, mas ainda moderados (2,6%).
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Lucro líquido em recuperação gradual, com crescimento acelerado após 2018.
Comparação com inflação, CDI e S&P 500
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Inflação acumulada (2015–2025): 68%.
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CDI bruto: ~132% (115% líquido de IR).
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Desempenho da carteira BB+Taesa: 113% nominal, acima da inflação e quase igual ao CDI líquido.
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IVVB11 (proxy do S&P 500): incluiu R$ 20 000 adicionais, teve alta superior, dominando 39% da carteira e pressionando o retorno total para patamares acima de 150% em dólar, apesar de não ter sido comprado no fundo do poço.
Lições para investidores
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Não tente acertar o fundo perfeito: comprar ativos descontados próximos ao “fundo” costuma trazer ótimos resultados, mesmo que pareça uma “má compra” no curto prazo.
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Paciência é fundamental: no primeiro ano, a carteira chegou a apresentar prejuízo de até R$ 5 500, recuperando-se apenas após medidas pró-mercado.
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Reinvestimento de dividendos: o power of compounding elevou os proventos de R$ 72 500 a um aporte indireto sem mexer no bolso.
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Diversificação internacional: adicionar o S&P 500 (via IVVB11 ou diretamente por corretora sem taxa) pode ampliar retornos e reduzir correlações locais.
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Aportes adicionais: aumentar o capital investido ao longo do tempo reduz o peso da volatilidade no retorno final e potencializa ganhos absolutos.
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