Luxo e degradação: novas imagens mostram estado de apartamento onde tesoureiro do PCC foi preso


Alex Amaro de Oliveira, conhecido como Barba, foi detido em um condomínio de alto padrão no bairro Morumbi, em São Paulo. Apartamento de luxo de tesoureiro do PCC tinha entulho e móveis quebrados
Novas imagens mostram outra realidade do apartamento de luxo onde o tesoureiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) foi preso em São Paulo. No vídeo, obtido pelo g1 nesta quarta-feira (2), é possível ver que, apesar do alto padrão da residência e de parte da mobília, também havia entulho, roupas espalhadas e móveis quebrados (assista acima).
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Alex Amaro de Oliveira, conhecido como Barba, foi preso em um condomínio no bairro Morumbi, em São Paulo, durante uma operação da Polícia Civil de Santos, no litoral paulista. A detenção dele foi um desdobramento de outras investigações feitas na região da Baixada Santista.
De acordo com a Polícia Civil, um funcionário de Barba também foi preso durante a ação. A dupla era responsável por enviar o dinheiro do tráfico de drogas da Baixada Santista para a alta cúpula da organização criminosa.
Segundo a corporação, Barba ostentava uma vida com aquisições de luxo, como carros acima de R$ 350 mil, relógios e joias, além do próprio apartamento. As novas imagens, porém, mostram um aspecto diferente do imóvel: entulho, móveis quebrados, portas soltas, roupas e objetos espalhados.
Em determinado momento do vídeo, gravado durante a prisão de Barba, é possível ouvir um homem comentando que a residência estava “extremamente mal organizada e mal cuidada”.
O g1 não localizou a defesa de Alex Amaro de Oliveira até a última atualização desta reportagem.
Novas imagens mostram cômodos cheios de entulho e objetos espalhados no apartamento do tesoureiro do PCC
Divulgação/Polícia Civil
Cachorro e sujeira
Os policiais também se surpreenderam com o estado do cômodo onde ficavam os potes de comida e água do cão. No local, os agentes encontraram fezes espalhadas pelo chão. “[Olha] a situação que o cachorro vive. Absurdo”, comentaram.
De acordo com o delegado Leonardo Rivau, titular da 2ª Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), um eventual caso de maus-tratos contra o animal precisa ser avaliado por um médico veterinário.
“Embora as condições se mostrem bem sujas, aparentemente o cachorro não estava com sinais de doença ou falta de comida”, complementou ele.
Policiais encontraram fezes de cachorro no chão do apartamento do tesoureiro do PCC
Divulgação/Polícia Civil
Família e ostentação
Segundo o delegado, Barba estava dormindo quando a polícia chegou ao apartamento e não apresentou resistência. No imóvel também estavam a esposa e quatro filhos menores de idade dele.
Rivau acrescentou que, desde o início das investigações, foi possível identificar que Barba ostentava carros de luxo no dia a dia.
“Quando a gente identificou o vínculo dele com o pessoal da Baixada Santista, percebeu que ele tinha um padrão de vida alto. Foi visto com um veículo BMW, depois com um Range Rover Evoque, e agora estava usando um Tesla. Sempre carros acima de R$ 300 mil”, disse o delegado.
Da comunidade ao apartamento de luxo
Tesoureiro do PCC é preso em apartamento de luxo em SP
De acordo com o delegado Rivau, Barba ascendeu dentro da organização criminosa. Isso ocorreu porque ele assumiu o cargo após a morte do antigo tesoureiro, Alexsandro Roberto Pereira, também conhecido como Palito, em novembro de 2024 (veja detalhes abaixo).
“[Barba foi] de dentro de uma comunidade carente para um apartamento de altíssimo valor no Morumbi”, contou o delegado. “O que leva a crer também que ele [Barba] acabava pegando dinheiro do crime e utilizando na compra de bens. É uma forma de lavagem de dinheiro”.
Apartamento
Tesoureiro do PCC foi preso em um apartamento de luxo, em São Paulo
Polícia Civil/Divulgação
O g1 teve acesso às imagens do apartamento de luxo onde Barba foi preso (veja acima). No conteúdo, é possível ver que o imóvel tem uma varanda integrada, cozinha, churrasqueira, sala de estar com lareira, sala de jantar, escritório e um quarto. O vídeo também mostra brinquedos espalhados e portas fechadas de outros cômodos não identificados.
O único quarto que aparece nas imagens estava bagunçado e tinha um espelho quebrado. Dentro do escritório, Barba estava sentado em uma cadeira, enquanto um policial conferia documentos e diversas caixas de joias e relógios.
De acordo com o delegado, também foram apreendidas anotações contábeis, que constataram uma movimentação de aproximadamente R$ 50 mil por dia em cada ponto de tráfico de drogas da organização criminosa.
Tesoureiro do PCC é preso junto com funcionário em SP
Polícia Civil/Divulgação
Morte de Palito
Em novembro de 2024, Palito foi morto a tiros no bairro Jardim São Luís, na capital paulista. De acordo com o boletim de ocorrência, obtido pela equipe de reportagem, a esposa do homem relatou à Polícia Civil que estava limpando seu bar com um companheiro.
Segundo o boletim de ocorrência, duas pessoas em uma motocicleta chegaram no comércio e disseram que tinham uma entrega. Palito informou que não tinha nada para receber e a dupla entrou no bar efetuando os disparos. Alexsandro morreu e um cliente que estava no local ficou ferido.
Palito xinga Sérgio Moro
Senador Sergio Moro, em imagem de março de 2024
Ton Molina/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Palito teve um áudio interceptado pela Polícia Federal (PF). No conteúdo, ele demonstrou estar indignado após o chefe da facção criminosa, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e outros 21 presos ligados à organização terem sido transferidos para presídios federais, em fevereiro de 2019.
Na ocasião, Palito era tesoureiro da organização criminosa e xingou Sergio Moro, que havia acabado de assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública. “Esse Moro aí, mano, esse cara é um filho da p*** mesmo. Ele veio para atrasar”.
Prisão de Barba
As prisões de Barba e do funcionário dele fizeram parte de uma operação dos policiais civis lotados nas 24 cidades que compõem o Departamento de Polícia Judiciária do Interior-6 (Deinter-6). De acordo com a corporação, o objetivo era esclarecer os crimes ocorridos nas regiões da Baixada Santista e do Vale do Ribeira.
A operação foi deflagrada após aproximadamente um mês de investigações com uso de mecanismos de inteligência policial. Os trabalhos em campo foram iniciados por volta das 6h de quarta-feira (25) e terminaram às 12h de quinta (26).
Os agentes prenderam 36 pessoas em flagrante e apreenderam 11 adolescentes, além de terem dado cumprimento a 68 mandados de busca e apreensão e 29 de prisão. Foram apreendidos 36 veículos, diversas peças de motocicletas, quatro armas de fogo e aproximadamente 78 kg de entorpecentes.
Durante a operação, a Polícia Civil descobriu um imóvel que funcionava como um desmanche clandestino de motocicletas em frente ao Cemitério do Paquetá, em Santos, e também prenderam uma mulher que levou o próprio irmão ao “Tribunal do Crime”, em Cubatão (SP).
Policiais descobrem central de monitoramento clandestina em apartamento de tesoureiro do PCC
Polícia Civil/Divulgação
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