
Polícia Civil apura se os crimes estão ligados a instalação de câmeras nos veículos ou a uma possível retaliação de grupos criminosos. VIDEO: registra o momento em que ônibus é atacado em Mauá, na Grande SP
Em junho, mais de 200 ônibus coletivos foram atacados na capital e na Grande São Paulo. Na maioria das investidas, os veículos foram acertados por pedras e tiveram os vidros quebrados.
Em um dos casos mais graves, que aconteceu na Zona Sul da capital, uma passageira foi atingida no rosto e sofreu uma fratura no nariz (vídeo acima).
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O g1 mapeou a quantidade e em quais cidades os crimes aconteceram. Confira no mapa abaixo:
Confira onde ocorreram os ataques a coletivos no mês de junho
Arte/g1 Design
São Paulo: 200 ônibus vandalizados
Santo André: 13 ônibus vandalizados
Osasco: 12 ônibus vandalizados
Santos: 11 ônibus vandalizados
Taboão da Serra: 6 ônibus vandalizados
São Bernardo do Campo: ao menos 2 ônibus vandalizados
Mauá: 1 ônibus vandalizado
Entre 1º e 2 de julho, aconteceram mais de 20 ataques em menos de 24 horas na Grande São Paulo. A maioria dos casos aconteceu na Zona Sul da capital.
Um relatório preliminar da Polícia Civil aponta quais as linhas de investigação e os locais com mais ataques. Os investigadores apuram se os crimes estão ligados à instalação de câmeras nos veículos ou a uma possível retaliação de grupos criminosos.
Uma das suspeitas é a de que grupos criminosos estariam agindo em retaliação por acreditarem que os equipamentos são usados para reconhecimento facial. No entanto, segundo o gerente operacional de uma das empresas, eles não têm essa capacidade.
Outra linha de investigação apura uma possível represália de criminosos ligados a uma empresa que perdeu o contrato para operar linhas na Zona Sul por supostas conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC). A Delegacia de Crimes Organizados (Deic) foi acionada para investigar o caso. A polícia também apura se os ataques estão sendo incentivados por grupos em redes sociais.
O Sindicato dos Motoristas de São Paulo disse que tem trabalhado para oferecer mais segurança aos operadores do transporte público e também aos passageiros. Também afirmou que pediu uma reunião urgente com a SSP para tratar do problema e cobrar medidas de segurança.
Casos ficarão concentrados para facilitar investigação
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou que os boletins de ocorrência relacionados aos ataques a ônibus na capital e na região metropolitana serão concentrados em duas delegacias para facilitar o andamento das investigações. A medida foi tomada após a série de atos de vandalismo.
“A gente tinha vários boletins de ocorrência em várias delegacias, né? O que foi feito é uma concentração em duas delegacias, uma na região do ABC e outra aqui na cidade de São Paulo. As investigações ainda estão em andamento, não têm uma conclusão, mas não tenho dúvida nenhuma de que a Polícia Civil está muito empenhada para desvendar esse mistério, para poder localizar quem são os responsáveis por esse tipo de vandalismo”, afirmou Nunes.
A prefeitura está utilizando imagens do programa Smart Sampa para colaborar com a identificação dos envolvidos. O patrulhamento também foi reforçado nas regiões afetadas.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os ataques aconteceram principalmente entre 20h e 23h. A Polícia Militar informou ter recebido 12 chamados via 190 para esse tipo de caso, mas apenas sete boletins de ocorrência foram oficialmente registrados, todos em 8 de junho.
Policiais estão visitando os locais para buscar imagens de câmeras de segurança e ouvir testemunhas.
A SPTrans, responsável pelo transporte municipal, disse que não há informações sobre a motivação dos ataques.
Ônibus são vandalizados na capital paulista no fim de semana, segundo a SPTrans
Reprodução
A maior parte dos ônibus teve vidros e janelas quebradas, principalmente na parte traseira e nas laterais. As vias mais atingidas ficam na Zona Sul da capital paulista:
Avenida Cupecê;
Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira;
Avenida Vereador João de Luca;
Rua Assembleia.
O que dizem as empresas envolvidas
SPTRANS:
“A Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito (SMT) e a SPTrans reiteram que repudiam os atos de vandalismo registrados no sistema de transporte e seguem fornecendo todas as informações necessárias para auxiliar nas investigações. Entre os dias 12 e 30 de junho, as empresas operadoras relataram que 179 ônibus do sistema municipal foram depredados. A SPTrans reforça a orientação para que as concessionárias comuniquem imediatamente todos os casos à Central de Operações e formalizem as ocorrências junto às autoridades policiais. Cabe ressaltar que a empresa é obrigada a encaminhar o veículo para manutenção, substituindo-o por outro da reserva técnica, que realizará a próxima viagem programada, garantindo a continuidade do serviço prestado aos passageiros. Caso isso não ocorra, a empresa é penalizada pela viagem não realizada.”
MOBIBRASIL:
“A Mobibrasil, concessionária do sistema de transportes de São Paulo, lamenta profundamente mais um ato de violência que atinge os serviços e veículos das linhas que opera na cidade de São Paulo.
A empresa prestou imediato socorro e todo o apoio necessário à passageira envolvida, inclusive acompanhando-a durante o atendimento na unidade hospitalar, mantendo-se solidária e atenta à sua recuperação também no período pós-atendimento.
Reiteramos que estamos à disposição dos profissionais de saúde e das autoridades de segurança pública, não somente para colaborar na apuração deste caso – o mais grave até o momento – mas também para contribuir com informações em todas as ocorrências semelhantes que vêm sendo registradas. Infelizmente, tivemos diversos ônibus vandalizados nos últimos dias, e estamos envidando todos os esforços possíveis para que esta situação seja esclarecida e para que os responsáveis sejam identificados e responsabilizados.
A Mobibrasil reafirma seu compromisso com a integridade e segurança de todos e informa que, em respeito às políticas internas de compliance e à legislação vigente, especialmente a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018), não divulga dados pessoais de colaboradores ou passageiros eventualmente envolvidos nas ocorrências.”
O que dizem as prefeituras
São Bernardo do Campo
“A Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria de Segurança, informa que por volta das 6h30 da manhã deste sábado (28/6), a Polícia Militar foi acionada, via Copom, para atendimento de indivíduo alterado em via pública.
Após diligências, o homem de 27 anos foi encontrado na Avenida Senador Vergueiro, próximo à Avenida Presidente Artur Bernardes, com duas pedras na mão, oferecendo resistência à abordagem.
O indivíduo foi encaminhado ao Hospital de Urgência por ter se lesionado durante a ação delituosa, onde foi medicado, liberado e conduzido ao 2o DP.
Reconhecido pelos motoristas dos ônibus depredados, o homem foi preso em flagrante por ter depredado e vandalizado veículo de transporte coletivo, pontos de ônibus e ter resistido à prisão, fatos que se enquadram no artigo 163, de dano qualificado e atentado contra a segurança de meio de transporte.
Sobre os questionamentos acerca dos pontos de ônibus da Avenida Luiz Pequini, no domingo (29/6), informamos que nem a Guarda Civil Municipal, nem a Secretaria de Transporte, Mobilidade e Infraestrutura foi acionada. Os pontos de ônibus são gerenciados pela BR7, sugerimos consultar a empresa.”
Mauá
“A Prefeitura de Mauá informa que as duas únicas ocorrências deste tipo, ocorreram na noite do sábado (14/06), por volta das 22h30, na Avenida João Ramalho. Dois veículos que operavam nas linhas 30 – Araguaia e 32 – João Ramalho, respectivamente, foram vandalizados. Não houve feridos e nem impacto aos passageiros, pois prontamente carros reservas foram colocados na operação.”
Santo André
“A Prefeitura de Santo André informa que, durante o mês de junho, o sistema de transporte coletivo da cidade registrou oito ocorrências de vandalismo, envolvendo apedrejamento de ônibus. Os casos aconteceram em diferentes regiões da cidade, com destaque para a noite de 14 de junho, quando quatro veículos das linhas 103 e 141 (Suzantur) e B-21 e T-14 (Guaianazes) foram alvos de pedras arremessadas na Rua Coronel Alfredo Flaquer, nas proximidades da passarela Luiz Melito, na região central. Não houve feridos.
Outras quatro ocorrências foram registradas na noite de 28 de junho, com ataques às linhas B-21 e T-23 (Viação Guaianazes), na Avenida Giovanni Batista Pirelli; à linha T12-C (Viação Guaianazes), na Avenida dos Estados com a Avenida André Ramalho; e à linha T-17 (Viação Guaianazes), na Rua Coronel Alfredo Flaquer.
Em todos os casos, as pedras atingiram vidros laterais ou traseiros dos ônibus. Não houve vítimas, apenas danos materiais.”