
Cantor conversou com o g1 sobre a nova turnê, o RPM e como foi se tornar artista solo após sucesso da banda nos anos 80. Paulo Ricardo comemora 40 anos de carreira com turnê em Ribeirão Preto, SP
Em 40 anos de carreira, Paulo Ricardo colecionou sucessos. A nova geração pode não saber, mas são dele algumas das músicas que até hoje empolgam e emocionam quem viveu a época de ouro do rock nacional e quem é entusiasta a ela.
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A voz inconfundível do cantor somada às melodias marcantes e letras que falam de amor, do tempo, da opressão e da liberdade de expressão em forma de poesia colocam Paulo Ricardo no hall dos grandes artistas brasileiros.
E é isso que dá o tom da nova turnê Paulo Ricardo – XL, uma alusão às quatro décadas de história em números romanos. O cantor se apresenta no Multiplan Hall, em Ribeirão Preto (SP), neste sábado (5) e não esconde a empolgação.
Ao g1, ele disse que o projeto foi pensado exaustivamente e nos mínimos detalhes, para que nenhuma das fases dele como artista ficasse de fora deste marco tão especial.
Paulo Ricardo se apresenta em Ribeirão Preto, SP, no sábado (5)
Divulgação
O projeto tem clássicos da época do RPM (da década de 80) e da carreira solo de Paulo Ricardo (já na década de 90), mas também conta com canções que tiveram participações especiais de Renato Russo, Rogério Flausino e Toquinho nas décadas seguintes.
“Eu cresci ouvindo muito Vinícius e tive o privilégio de ter essa amizade com o Toquinho e fazer um álbum todo com ele [lançado em 2020]. Então, pela primeira vez, estou colocando em um show uma canção desse álbum, que é a minha visão dessas obras primas do Vinicius, com um pouco de guitarra, um pouco de eletrônico. É uma turnê que abrange todas essas fases. Outra coisa que estou fazendo, que sempre me pediram e eu não tinha como encaixar, são as canções do desenho Spirit, o Corcel Indomável [de 2002], que conquistou toda uma geração”.
Juntas em um show de duas horas de duração, as diferentes fases da carreira de Paulo Ricardo indicam que todos os trabalhos realizados pelo artista ao longo dos anos, acabam por se completar.
“Essa turnê me dá a oportunidade de reconciliar todas as fases e de procurar uma linha evolutiva, um fio condutor e saber que, com a ajuda do público sempre, ficou tudo surpreendentemente coerente no final”.
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A turnê estreou há menos de um mês e o cantor de 62 anos fala com brilho nos olhos sobre a emoção que é, para ele, estar novamente em cima dos palcos.
“Eu estou muito animado, porque consegui realizar sonhos, como esse super tríptico telão. São três telões que me cercam e me dá a oportunidade de interagir com, por exemplo, Rogério Flausino, que gravou comigo, e Renato Russo, com quem eu tive a honra de gravar ‘A Cruz e a Espada’ e que está comigo nesse show também [por meio de inteligência artificial]. Temos câmeras ao vivo, que é um elemento de muito calor, porque as pessoas que estão mais distantes do palco podem ver a gente ali mais de perto, a ação acontecendo em tempo real”.
Os ingressos para o show deste sábado estão disponíveis pela internet ou na bilheteria do Multiplan Hall. O show está previsto para às 21h.
Paulo Ricardo se apresenta em Ribeirão Preto, SP, no sábado (5)
Divulgação
Fim de uma era e começo de outras
Paulo Ricardo estreou no cenário da música em 1984, com a banda de rock RPM. O grupo, formado por ele, Luiz Schiavon, Fernando Deluqui e Paulo Pagni fez um sucesso estrondoso entre 1985 e 1987, mas se separou 1989.
Voz principal do RPM, Paulo Ricardo, então, partiu para um novo desafio: cantar sozinho. Segundo ele, a maior dificuldade nos anos que vieram na sequência foi separar o artista integrante de um grupo do artista solo e se firmar na segunda opção.
“Eu não fui louco para fazer uma carreira solo, foi uma contingência. Já não tinha mais a banda, eu tinha de seguir solo. E eu tive muita dificuldade de encontrar esse personagem solo para não parecer uma cópia do RPM, para não utilizar aqueles recursos, para não parecer que eu estou contando a mesma história e buscar uma outra narrativa, uma outra coisa dentro da música que eu não tinha feito”.
O artista explodiu com a banda e, por isso mesmo, faz questão de manter viva a memória do que foi fazer parte da era de ouro do rock nacional.
“Sempre trouxe o RPM comigo, sempre trarei, são minhas canções. Mas, na carreira solo, tive oportunidade de enfrentar esse paradoxo que é ser um artista de pop rock no Brasil, país do samba, do Carnaval, da bossa nova. Antes de ser roqueiro ou qualquer coisa assim, eu sou brasileiro”.
Como artista solo, Paulo Ricardo se consagrou com baladas mais românticas, como ‘Dois’ e parcerias especiais, como ‘A Cruz e a Espada’, com Renato Russo.
Recentemente, o cantor lançou ‘O Verso’, que conta com a participação de Rogério Flausino, de quem é amigo e fã.
“Cantar com Flausino é muito divertido. Eu sou muito fã do Jota [Quest] e desse lado pop, funk e dançante que eles trazem”.
40 anos de carreira e o mesmo frio na barriga
A emoção de estar no palco, diz Paulo Ricardo, vem sempre acompanhada do frio na barriga e isso não mudou ao longo dos anos.
Para o artista, a sensação existe porque o show é uma coisa viva e é preciso se adaptar à plateia.
“Cada show é um show, cada lugar é um lugar, cada público é um público. Não há hipótese de monotonia ou de mesmice, porque tudo pode acontecer. Você não sabe o que você pode enfrentar, tanto do ponto de vista da emoção, da famosa troca de energia, das pessoas, quanto da possibilidade de ter algum problema de som, ou de luz, ou chover. A gente está sempre ali rezando literalmente ser o maior show da nossa vida. O tempo todo estou me surpreendendo, me divertindo e me emocionando”.
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