
Segundo o delegado, as vítimas foram orientadas a ir para Pirenópolis e cidades no litoral nordestino. Se passando pelo Poder Judiciário, a sobrinha direcionava para onde eles deveriam ir para fugir de falsas ameaças de morte. Jovem é presa em Jataí suspeita de aplicar golpes nos próprios tios
Os tios que sofreram golpes de R$ 400 mil da própria sobrinha em Jataí, no sudoeste goiano, ‘não aguentavam mais’ viajar para fugir das falsas ameaças de morte. A informação é do delegado responsável pelo caso, Marlon Luz, que afirmou que a jovem dizia que o Poder Judiciário escolhia destinos turísticos para que eles escapassem das supostas ameaças.
“Ela se beneficiava desse luxo que os tios proporcionavam e eles não estavam aguentando mais porque ele [o tio] estava faltando ao trabalho, ele é médico, e aí eles têm que retornar um pouco”, disse o delegado.
Como o nome dos envolvidos não foi divulgado, o g1 não conseguiu localizar a defesa da jovem.
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Segundo as investigações, a sobrinha inventou que toda a família estava sofrendo ameaças de morte e que o Poder Judiciário orientava para onde eles precisavam se mudar para despistar os supostos criminosos. Segundo o delegado, em poucos dias os tios tiveram que organizar viagens para Maceió e Porto Seguro.
“Tiveram mensagens em que diziam ‘Olha, a vigilância de vocês foi rompida, vocês precisam sair daí agora e ir para o nordeste brasileiro, alguma cidade litorânea’. Então, eles saíram de Pirenópolis e foram para Maceió e depois para Porto Seguro”, relatou Marlon Luz.
Além das viagens, a investigada também utilizava esses contatos do “Poder Judiciário” para dizer que os tios precisavam gastar quantias para ‘despistar’ os criminosos que ameaçavam a família. Com isso, ela chegou até mesmo a ganhar um celular novo.
Entenda o caso
Jovem foi presa em Jataí, em Goiás
Divulgação/Polícia Civil
Segundo a polícia, a jovem já havia sido presa por estelionato e foi liberada há pouco tempo. Em liberdade, ela foi acolhida pelos tios, que permitiram que ela morasse com eles por alguns dias, mas depois começaram a pagar o aluguel de uma quitinete para a jovem até que ela conseguisse trabalho.
Depois que saiu da casa dos tios, o casal começou a receber as primeiras mensagens. Nas conversas, ela alegava ser uma representante do Poder Judiciário da vara criminal responsável pelo processo da sobrinha deles e que a jovem não poderia deixar a casa dos tios.
“Ela retornou para lá [casa dos tios] e começou a viver no conforto, até que eles receberam outras mensagens dizendo que a autora e a tia estavam numa lista para serem mortas pelo PCC e teria uma recompensa de R$ 120 mil para matá-las”, declarou.
Nesse momento, começaram os alertas para que a família saísse de Jataí. Segundo a orientação do falso Poder Judiciário, eles deveriam ir para cidades turísticas para dificultar o rastreamento. Segundo o delegado, a primeira cidade que eles foram foi Pirenópolis, a mais de 440 km de distância de onde moravam.
O delegado destaca que a jovem, se passando pela Justiça, sempre escolhia os melhores destinos, como resorts em Caldas Novas, e as cidades no litoral nordestino. Seguindo ‘orientações para segurança’ para gastarem o dinheiro, e despistar os criminosos, eles ainda frequentavam restaurantes caros e viviam uma vida com luxo.
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Como funcionava
Em entrevista ao g1, o delegado Marlon Luz disse que a sobrinha falsificou os números para se passar pelo judiciário com informações encontradas na internet. Com eles, ela se comunicava com os tios e mandava as orientações sobre o que eles deveriam fazer e para onde deveriam ir.
“Ela pegou o brasão do Judiciário, que na internet você acha, e aí ela habilitou os chips, colocou alguns em nome de terceiros, outros ela camuflou, mas conseguimos descobrir que eram dela”, pontuou.
Com as mensagens constantes, os tios começaram a ficar paranoicos e desconfiar de que qualquer pessoa que se aproximasse deles poderia estar fazendo a vigilância. Segundo o delegado, a situação, vivida durante três meses, “abalou muito eles psicologicamente”.
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Descoberta
Segundo a polícia, o golpe foi descoberto quando a tia começou a desconfiar da sobrinha, após ela levar o namorado para morar com a família. Assim como já era de praxe, os tios receberam mensagens falsas do Poder Judiciário dizendo que o companheiro da sobrinha não poderia deixar a casa.
Os tios chegaram até a dar dinheiro para que o namorado da suspeita pudesse se manter, pagaram pensão para o filho dele e até um celular. Além disso, outro ponto que alertou os tios foi o fato de que, quando voltaram para Jataí, os ‘agentes do Poder Judiciário’ mandavam mensagens sabendo de tudo o que acontecia dentro da casa.
“Todo dia eles recebiam mensagem direcionando eles para gastar, o que eles tinham que fazer. E começaram a perceber que sabiam de tudo que acontecia na casa”, explicou.
A jovem foi presa na casa de alto padrão em que morava na sexta-feira (27). Segundo a polícia, ela havia enviado mais mensagens para os tios se passando pelo Judiciário minutos antes da prisão.
De acordo com o delegado, ela foi solta no dia seguinte e deve responder pelo crime de estelionato. Após a prisão, ela disse não ter agido sozinha, o que será investigado pela Polícia Civil.
14ª Delegacia Regional de Jataí, em Goiás
Divulgação/Polícia Civil
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