
Autor dos disparos que mataram o policial militar Geidson Thiago da Silva Dos Santos, João Vitor Xavier começou a carreira na política ainda muito jovem. Ele é filho de um prefeito e sobrinho de um ex-prefeito de duas cidades do Maranhão. João Vitor Xavier (PDT) é prefeito de Igarapé Grande (MA)
Reprodução/Redes Sociais
O prefeito de Igarapé Grande, João Vitor Xavier, de 27 anos, principal autor dos disparos, segundo a própria confissão, que mataram o policial militar Geidson Thiago da Silva Dos Santos, é de uma família tradicional políticos na qual o pai e o tio já foram prefeitos de duas cidades do interior do Maranhão.
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O PM Geidson Thiago da Silva Dos Santos foi morto a tiros na noite de domingo (6) durante uma vaquejada. João Vitor Xavier foi apontado, pela Polícia Civil, como principal suspeito do crime.
Nascido em Ouricuri, em Pernambuco, João Vitor Xavier foi eleito pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) em 2024 como prefeito de Igarapé Grande, cidade a 365 km de São Luís. Ele foi eleito com 70,35% dos votos válidos, o que representa 4.987 votos.
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Em 2024, João Vitor se declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como solteiro, com o Ensino Médio completo e tendo a ocupação de estudante/bolsista/estagiário. No documento, ele afirmou ter um patrimônio de R$ 550 mil que incluía uma caminhonete, uma casa e uma fazenda.
Entretanto, a vida na política começou ainda cedo para João Vitor. Aos 18 anos, ele foi eleito vereador pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) como vereador de Bodocó, cidade no interior de Pernambuco.
Família política
NA ORDEM: Erlânio Xavier (tio de João Vitor); João Vitor (prefeito de Igarapé Grande) e Júnior Xavier (pai de João Vitor).
Reprodução/Redes Sociais
João Vitor Xavier é de uma família de políticos com atuação em duas cidades do Maranhão. O pai dele, Júnior Xavier, é o prefeito de Bernardo do Mearim (MA), cidade que fica apenas a 12,5 km de Igarapé Grande, município no qual ele é prefeito.
O tio de João Vitor, Erlânio Xavier, é empresário e ex-prefeito de Igarapé Grande. Além disso, ele também é ex-presidente da Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (FAMEM).
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Entenda o caso
Prefeito é suspeito de matar PM no Maranhão
O crime aconteceu na noite de domingo (6), durante uma vaquejada em Trizidela do Vale (MA), quando João Vitor Xavier e o policial militar Geidson Thiago se desentenderam pelo fato do PM ter pedido para o João reduzir a luz dos faróis do carro porque estaria incomodando as pessoas no local.
Em um dos vídeos obtidos pela polícia mostra um homem, que seria o prefeito, indo até um carro preto, onde parece pegar um objeto. Em seguida, ele anda em direção a um grupo de pessoas, onde há uma aglomeração e, por fim, corre de volta ao veículo e vai embora.
De acordo com o delegado de Pedreiras, Diego Maciel, as imagens são do local da vaquejada onde estavam o PM e o prefeito. As imagens não mostram o momento exato, mas a suspeita é de que o prefeito efetuou os disparos quando o policial virava as costas e depois fugiu. Segundo a polícia, as imagens ainda passarão por perícia.
“Foram cerca de cinco tiros. Provavelmente todos pelas costas. O corpo da vítima foi encaminhado para o IML de Timon para perícia”, afirmou o delegado, ao g1.
Prefeito de Igarapé Grande é suspeito de matar PM em vaquejada
Relatos de testemunhas também apontam que houve uma confusão no evento e o prefeito João Vitor Xavier teria sacado uma arma e efetuado disparos contra o policial, que era conhecido como “Dos Santos” e estava de folga.
O PM ainda chegou a ser socorrido e levado a um hospital em Pedreiras, mas devido à gravidade dos ferimentos, foi transferido para uma unidade com mais estrutura. No entanto, ele não resistiu e morreu durante o atendimento. O policial era lotado no 19º Batalhão de Polícia Militar. Ele foi sepultado nesta terça-feira (8).
Após o crime, a polícia tentou localizar o prefeito, mas não o encontrou. Testemunhas do crime ainda estão sendo ouvidas pela Polícia Civil e outras provas devem ser analisadas para determinar se haverá ou não pedido de prisão preventiva contra o prefeito.
Prefeito diz que agiu em legítima defesa
prefeito de Igarapé Grande (MA), João Vitor Xavier, é suspeito de matar a tiros o policial militar Geidson Thiago da Silva
Arquivo pessoal
O prefeito se apresentou à polícia na tarde de segunda-feira (7), em Presidente Dutra, cidade a 347 km de São Luís. Ele chegou à Delegacia Regional de Presidente Dutra acompanhado de advogados de defesa e, de acordo com a polícia, em depoimento, o prefeito alegou que atirou no PM em legítima defesa. Após prestar depoimento, ele foi liberado.
Segundo o delegado Ricardo Aragão, superintendente de Polícia Civil do Interior, como João Vitor se apresentou espontaneamente ele não foi preso em flagrante. A PC-MA tem agora dez dias para finalizar o inquérito e solicitar o pedido de prisão preventiva. Por ser prefeito, João Vitor Xavier possui foro privilegiado, ou seja, deverá ser julgado em tribunais superiores.
A polícia tentava localizar o prefeito desde a noite de domingo. De acordo com Ricardo Aragão, a arma usada no crime ainda não foi entregue à polícia, que ainda tenta encontrá-la. Em depoimento, o prefeito teria dito que havia “se livrado” da arma e que não possui autorização para portá-la.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) disse que lamenta o crime e informou que as polícias Civil e Militar, com apoio da Inteligência, realizam buscas para localizar o suspeito, que seria o prefeito de Igarapé Grande.
Já a Federação dos Municípios do Estado do Maranhão (FAMEM) afirmou, também por meio de nota, que acompanha o caso junto à Secretaria de Segurança Pública do Estado, os desdobramentos do caso, e que confia na atuação das autoridades competentes “respeitando a presunção de inocência que a Constituição Federal assegura a todo cidadão brasileiro”.