
Apesar de não ser venenosa, a sucuri pode causar cortes profundos com os dentes e levar à infecção, alertam especialistas. Dentição curvada impede a fuga da presa. Rafael Gandine mostra momento em que sofre mordida rara de sucuri
A boca de uma sucuri pode ter dezenas ou até centenas de dentes em formato de anzol, segundo especialistas. Apesar de não ser venenosa, a serpente carrega muitas bactérias na boca. Veja o vídeo acima.
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Um pescador e influenciador digital de Jateí (MS) foi mordido por uma sucuri — um caso raro, segundo especialistas. Um dos dentes da cobra ficou preso na perna dele. O médico que o atendeu alertou que o principal risco era de infecção, já que a boca de animais silvestres costuma ter muitas bactérias.
“Apesar de ser uma serpente aglífa, ou seja, sem veneno, a sucuri pode causar ferimentos por causa do tamanho. Em alguns casos, é necessário até dar pontos”, explica o biólogo e especialista em serpentes Henrique Abrahão Charles.
Segundo o biólogo, os dentes da sucuri são finos, numerosos e voltados para trás, como anzóis — parecidos com unhas de gato. Eles ficam escondidos na gengiva e só aparecem quando ela morde.
“A dentição da sucuri impressiona. Depois que ela morde, a presa não consegue escapar. Os dentes são finos, parecidos com agulhas. Se a vítima tentar puxar, pode rasgar a pele e atingir até o músculo”, diz o biólogo.
O especialista explica que a boca da sucuri tem tantas bactérias quanto a de qualquer animal carnívoro, já que ela se alimenta de outros animais e não limpa os dentes. “A mordida de um cachorro, por exemplo, pode transmitir raiva. A sucuri não oferece esse risco”, compara.
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Mais de 100 encontros
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Rafael já teve mais de 100 encontros com sucuris gigantes. Muitos deles foram gravados em vídeo e publicados em suas redes sociais, que têm mais de 1 milhão de seguidores.
“A região aqui é bem preservada, com muita água e vegetação. É o habitat natural das sucuris. Pesco frequentemente, o que facilita esses encontros. Não é todo dia que vejo, mas já tive uns 100 encontros ao longo dos anos”, disse Rafael ao g1.
Morador da região desde criança, Rafael vive há dez anos no assentamento. Em 2015, criou um canal no YouTube sobre pescarias e, nos últimos cinco anos, transformou o conteúdo em sua principal fonte de renda.
O especialista em serpentes informou que o grande número de sucuris na área se deve à preservação da região.
“A partir do momento em que você tem um encontro de uma fauna bem diversificada, como ele mostra nos vídeos, uma fauna e flora preservada, você pode ter, sim, um berçário de sucuris, como é o caso dessa região”.
O assentamento Gleba Nova Esperança tem pouco mais de 23 hectares de Mata Atlântica e fica a cerca de 10 km do centro de Jateí.
A área ainda está em processo de regularização pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), segundo a prefeitura. O distrito tem mais de 600 moradores.
‘Rei das Sucuris’ vive na Gleba Nova Esperança
Arte g1
Sucuri flagrada durante expedição de fotógrafos, em MS.
Daniel De Granville/Photo in Natura
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