
Bitado Yanomami, de 78 anos, e Toraquitere Yanomami, de 80, eram lideranças indígenas e estavam em voo de transporte de doentes quando o helicóptero caiu em região remota de Surucucu. Investigação apura se houve responsabilidade criminal. Helicóptero cai na Terra Yanomami e duas pessoas morrem
A Polícia Civil de Roraima instaurou um inquérito para investigar as circunstâncias da queda de um helicóptero que causou a morte dos indígenas Bitado Yanomami, de 78 anos, e Toraquitere Yanomami, de 80, na região de Surucucu, dentro da Terra Indígena Yanomami.
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A investigação apura se houve responsabilidade criminal na queda. A aeronave fazia um voo de transporte de enfermo quando caiu, na segunda-feira (7), em área de mata fechada, nas proximidades da comunidade Arathau.
Cinco pessoas estavam a bordo. Bitado e Toraquitere eram irmãos. Os outros três tripulantes, o piloto, um funcionário de apoio da Voare e um técnico em enfermagem conseguiram pular do helicóptero sem ferimentos graves.
O g1 procurou a Voare, empresa privada responsável pelo helicóptero que presta serviço ao Ministério da Saúde, questionou se há o interesse em se posicionar e aguarda resposta.
Apenas parte da cauda do helicóptero não foi carbonizada
Remídio Lima/Voare/Divulgação
Os corpos foram resgatados por uma equipe da Força Aérea Brasileira (FAB) e levados até uma pista de pouso no município do Cantá. De lá, foram transportados para Boa Vista, onde passaram por perícia no Instituto de Medicina Legal (IML).
Ainda de acordo com a Polícia Civil, os corpos passarão ainda por um exame de DNA, que será realizado por peritos do Instituto de Criminalística Perito Dimas Almeida.
A investigação criminal está a cargo da Delegacia de Polícia de Alto Alegre e corre de forma paralela à apuração técnica feita pelo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa), que analisa as possíveis causas da queda, como falha humana ou técnica.
Bitado Yanomami exercia ainda a função de xamã em duas comunidades, localizadas próximo a comunidade Arathau. Na cultura Yanomami, os xamãs são líderes espirituais que se comunicam com os espíritos da floresta e atuam na proteção da comunidade para manter o equilíbrio entre os humanos e a natureza. É uma pessoa de grande respeito e sabedoria.
Os corpos dos dois irmãos chegaram ao Instituto Médico Legal, em Boa Vista, na noite dessa terça-feira (8).
O caso foi inicialmente registrado no 1º Distrito Policial de Boa Vista e já foi repassado à delegacia responsável no interior, que dará continuidade às investigações.
Em uma publicação feita no X, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte dos indígenas e manifestou solidariedade aos Yanomami e profissionais de saúde.
“Quero prestar minha solidariedade a todos os Yanomami e aos profissionais de saúde e demais áreas que lutam no dia-a-dia pelo bem-estar e os direitos desse povo tão importante para o Brasil e o mundo”, disse Lula.
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Sobreviventes da queda
Técnico em enfermagem fez videoselfie com sobreviventes minutos após queda de helicóptero
O técnico em enfermagem Thiago Wilker, um dos sobreviventes da queda, fez um videoselfie com os outros dois sobreviventes poucos minutos após a queda.
Thiago Wilker e os outros dois sobreviventes foram levados ao Hospital Geral de Roraima (HGR), em Boa Vista. Eles foram resgatados na manhã desta terça-feira (8). A reportagem esteve no hospital e viu as três vítimas sem ferimentos aparentes. Mais cedo, o Ministério da Saúde informou que elas estavam bem.
O helicóptero caiu logo após a decolagem e pegou fogo. Um indígena da comunidade em que as duas vítimas moravam viu o acidente e caminhou por três horas em busca de ajuda. A aeronave era da Voare, empresa privada de táxi aéreo que presta serviço ao Ministério da Saúde.
O g1 apurou que a equipe de saúde faria duas viagens: a primeira com os idosos e, depois, retornaria para buscar crianças e jovens da comunidade que também estavam doentes. No entanto, a aeronave caiu pouco depois de sair do solo. Como ainda estava voando baixo, os três sobreviventes conseguiram pular.
Uma criança de 9 anos, que estava próxima, se feriu e foi levada ao Hospital Santo Antonio, única unidade pública que atende pacientes infantis.
Os três sobreviventes foram resgatados pela equipe de Salvamento da Força Aérea Brasileira (FAB). Eles foram levados para o posto de Surucucu, dentro do território indígena, onde receberam atendimento médico, e transferidos para no setor de emergência do HGR, o maior hospital público de Roraima. Eles aguardavam alta médica até às 15h30 dessa terça-feira.
Infográfico mostra local da queda do helicóptero que matou dois indígenas
Arte g1
Em nota, o Ministério da Saúde lamentou a morte dos indígenas e informou que “acompanha os desdobramentos do resgate e está dando apoio aos familiares.
O helicóptero era um Esquilo B2, prefixo PP-IVO e ficou completamente destruído após a queda. Ao g1, o empresário Renildo Lima, dono da Voare, informou que na hora da queda o piloto ainda conseguiu desviar para não cair em cima da comunidade Arathau, mas caiu na floresta.
A Voare informou que vai registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil para que os corpos passem por perícia. “A aeronave teve uma pane na decolagem e caiu”, disse Renildo.
Em nota a FAB informou que o acidente é investigado pelo Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA VII), que foi até o local para fazer a verificação “inicial dos danos causados à aeronave ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação.”
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