
A irmã e responsáveis pela autópsia da jovem no Brasil deram uma entrevista coletiva. Mariana Marins mostra o provável ponto da queda da irmã, Juliana, na Indonésia
Henrique Coelho/g1
A irmã de Juliana Marins, Mariana Marins, e profissionais que participaram da análise do corpo e da parte judicial de sua repatriação concederam uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (11). Na coletiva, um perito afirmou que é possível estimar que ela permaneceu viva 32 horas após a primeira queda.
Durante a coletiva, Mariana explicou que a irmã morreu em uma segunda queda na trilha no Monte Rinjani, na Indonésia. O perito da Polícia Civil afirmou acreditar que ela deslizou pelas costas no terreno e no último impacto caiu de frente, o que causou a morte.
Segundo Mariana, na primeira queda, Juliana desceu cerca de 220 metros. “Provavelmente ela veio escorregando cerca de 61 metros até esse paredão rochoso. Aqui é uma parede íngreme de rocha e areia. Ela cai do ponto da trilha até aqui nesse paredão. O ponto final dessa primeira queda é de cerca de 220 metros.
Segundo o perito Reginaldo Franklin, da Polícia Civil, com o encontro de algumas larvas no couro cabeludo de Juliana foi possível estimar, com base na biologia do inseto, a hora da morte da jovem. “Meio-dia do dia 22 (horário da Indonésia) mais 15 minutos: morte de Juliana Marins. Ela permaneceu viva por cerca de 32 horas”, afirmou.
“Na metade do dia 22 (na Indonésia), em torno de 12 horas, a jovem Juliana já estava morta, segundo essa estimativa “, disse o legista Reginaldo Franklin.
Participaram da entrevista coletiva a defensora pública Taísa Bittencourt Leal Queiroz; o perito particular Nelson Massini; o legista Reginaldo Franklin Pereira e Mariana Marins, irmã de Juliana Marins
Juliana caiu por volta das 17h do dia 20 de junho. Primeira equipe de resgate foi acionada pelo parque 2h23 depois da queda de Juliana e a equipe saiu da base do parque 4 horas depois da queda. “Dezoito horas depois da queda, a equipe de resgate do Basarnas conseguiu descer 150 metros de rapel, mas Juliana estava em um Ponto mais abaixo na montanha”, explicou Mariana
“Nem se juliana estivesse no mesmo local eles conseguiriam chegar até ela, porque eles só conseguiram chegar até 150 metros e ela estava a 220 metros.”
A irmã explicou que o último registro fotográfico de Juliana com vida foi feito às 6h59 da Indonésia, por drone, no dia 21 (17h59 do Brasil). Às 7h51 ela foi vista pela última vez por uma turista espanhola, antes dela voltar para o camping. Nesse momento, Juliana ainda conseguiu gritar com os turistas europeus, pedindo ajuda.
A Defesa Civil local só chegou 19h50, depois que Juliana tinha sido vista pela última vez. Antes da segunda queda, Juliana escorregou mais 62 metros, como mostra a imagem abaixo.
Mariana Marins mostra local da segunda queda da irmã
Henrique Coelho/g1
Autópsia
Segundo a autópsia realizada no Brasil, a jovem morreu em decorrência de múltiplos traumas causados por uma queda de altura de uma trilha no vulcão Rinjani, na Indonésia.
A causa imediata da morte foi hemorragia interna provocada por lesões poliviscerais e politraumatismo, compatíveis com impacto de alta energia.
O documento, elaborado após nova autópsia no Brasil, indica que Juliana sobreviveu por um curto período após o impacto — entre 10 e 15 minutos — mas sem condições de reagir ou se locomover.
O estado do corpo, já embalsamado, comprometeu parte das análises, como a estimativa do horário da morte e a verificação de sinais clínicos mais sutis.
Na coletiva desta sexta, Reginaldo Franklin, perito da Polícia Civil que participou da segunda autópsia, explicou sobre as dificuldades e os procedimentos que foram feitos no Brasil.
“Pedimos que o corpo dela passasse por um aparelho de radiologia. Vimos fraturas nas costelas e no fêmur, além de uma mais grave na pelve, com sangramento muito intenso”.
“[Foi] uma segunda autópsia e uma autópsia totalmente contaminada no sentido técnico. Os órgãos já estão praticamente sem sangue, pálidos, e naturalmente se fez necessário um processo de embalsamamento com formol. Tem um prejuízo, mas o formol possibilitou conservar as lesões externas e os órgãos internos. Ela apresentava uma multiplicidade de lesões, por ação contundente, por impacto com uma superfície irregular, com escoriações de arrasto, deslizamento. “
“Ela tinha uma contusão no crânio, que causou uma hemorragia dentro da cabeça. Havia lesões na testa, fratura das costelas. Uma delas perfurou a pleura do pulmão, evoluiu para pneumotórax, e com isso um comprometimento dos dois pulmões com sangramento”, acrescentou.
“Ela deslizou pelas costas no terreno e no último impacto caiu de frente. É o que a gente vislumbra”, disse ele, sobre o momento da morte. “Teve uma fratura grave no fêmur e por isso acabou ficando imóvel antes de morrer”.
Defensora Taísa Bittencourt, Mariana Marins, Reginaldo Franklin e o perito Nelson Massini
Henrique Coelho/g1
Autópsia de Juliana Marins: exame da Indonésia indica a morte entre 2 e 3 dias após a queda, diz Polícia Civil do RJ