O principal índice da Bolsa brasileira começou esta segunda-feira (14) no vermelho, pressionado por novos desdobramentos da guerra comercial e dados econômicos fracos no Brasil. A tensão aumentou após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterar ameaças tarifárias contra o México, a União Europeia e, especialmente, o Brasil — que pode enfrentar tarifas de 50% sobre suas exportações já em agosto.
O Ibovespa abriu com leve alta, mas logo virou para o negativo, refletindo a aversão ao risco nos mercados internacionais. Às 12h, recuava cerca de 0,85%, acompanhando a queda em Wall Street e a alta do dólar frente ao real.
Os fatores que pesam sobre o mercado nesta segunda-feira
Novas tarifas dos EUA e guerra comercial
Na sexta-feira, Trump anunciou que pretende aplicar tarifas adicionais de até 50% sobre produtos brasileiros e europeus como parte de sua estratégia de proteção à indústria americana. O governo brasileiro respondeu criando um comitê interministerial para ouvir empresários afetados e buscar alternativas diplomáticas para mitigar os danos.
Especialistas em câmbio avaliam que o impacto no dólar ainda pode se intensificar caso as ameaças se concretizem. Alexandre Cabral, analista do mercado cambial, destacou:
“O dólar já subiu cerca de 11 centavos com o anúncio, mas, se Trump não recuar e levar a medida adiante em agosto, o dólar pode bater R$ 5,80 ou mais.”
Na última semana, a moeda americana acumulou alta de 2% e nesta segunda chegou a R$ 5,57, refletindo o temor dos investidores.
PIB em queda surpreende e preocupa
Outro fator de pressão para os ativos locais foi a divulgação da prévia do PIB de maio pelo Banco Central. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que antecipa o desempenho do PIB, caiu 0,7% em relação a abril, bem abaixo das expectativas de estabilidade do mercado.
Esse resultado representa a primeira retração no ano e acendeu o alerta sobre os efeitos da política de juros elevados na atividade econômica. A queda foi puxada principalmente por uma retração expressiva de -4,1% na agropecuária, seguida por recuos na indústria e estabilidade nos serviços.
Contexto global e cenário interno
Além das tarifas e do PIB, a expectativa para os juros nos EUA também contribuiu para o tom cauteloso dos mercados. Uma diretora do Federal Reserve afirmou que não vê urgência para cortar juros no curto prazo, citando inflação alta e incertezas sobre as tarifas. O presidente do Fed, Jerome Powell, manteve o mesmo tom de prudência em declarações anteriores.
No Brasil, o governo Lula tenta articular com empresários e parceiros internacionais para reduzir os impactos das tarifas, mas ainda não há um acordo concreto.
Impacto no dólar, na Bolsa e nos juros
Na tabela abaixo, veja como os principais indicadores reagiram ao longo do dia:
Indicador | Valor atual | Variação no dia |
---|---|---|
Ibovespa | 126.200 pts | -0,85% |
Dólar (comercial) | R$ 5,57 | +0,9% |
IBC-Br (maio) | -0,7% (m/m) | n/a |
Juros futuros (DI jan/26) | 11,2% a.a. | +0,12 p.p. |
Os investidores seguem atentos aos próximos passos do governo brasileiro diante da ameaça tarifária e à evolução dos indicadores econômicos para ajustar suas expectativas.
O que esperar daqui para frente?
Com a tensão comercial ainda no radar e a atividade econômica brasileira mostrando sinais de fraqueza, o mercado deve permanecer volátil nas próximas semanas. O governo brasileiro prometeu intensificar as negociações para tentar evitar a aplicação das tarifas em agosto, mas a retórica protecionista de Trump gera incerteza adicional.
Os analistas alertam que a manutenção dos juros altos por mais tempo, combinada a um dólar em alta, pode prejudicar ainda mais a atividade interna e a confiança dos empresários.
A segunda-feira começou com o mercado financeiro em clima de cautela, diante de um cenário desafiador para a economia brasileira. As ameaças tarifárias de Trump e a queda inesperada do PIB em maio reforçam as incertezas e exigem atenção redobrada de investidores e autoridades.
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