
Funcionários ficam surpresos com fechamento da Usina Santa Elisa, em Sertãozinho, SP
A suspensão das operações da Usina Santa Elisa, em Sertãozinho (SP), anunciada pela Raízen, pegou dois mil trabalhadores da unidade de surpresa.
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O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar calcula que o fechamento da usina afetará diretamente funcionários de Sertãozinho e também colaboradores que moram em cidades vizinhas, como Pontal (SP), Barrinha (SP) e Pitangueiras (SP), e busca negociar com a empresa um plano de rescisão que minimize os impactos para estes profissionais.
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A Raízen não informou se os profissionais serão realocados para outras unidades.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram trabalhadores impactados pela notícia. Horas após o anúncio, o movimento na usina já era menor, mas ainda era possível encontrar funcionários entrando e saindo do local.
‘Reciclagem de portfólio’ e venda de ativos
O anúncio da suspensão das atividades da Usina Santa Elisa foi feito em comunicado ao mercado pela Raízen. Segundo a empresa, a atitute faz parte de uma “estratégia de reciclagem de portfólio”. A medida não tem prazo para acabar e já inclui a venda de ativos.
De acordo com o documento, quase quatro milhões de toneladas de cana-de-açúcar foram vendidas por aproximadamente R$ 1 bilhão. O dinheiro será usado para a redução de dívidas da empresa.
Entre os compradores da cana estão outras usinas da região. O valor total da dívida da Raízen não foi divulgado.
A Usina Santa Elisa, localizada em Sertãozinho, tem capacidade para moer até 6 milhões de toneladas de cana e opera mais de 36 mil hectares de lavoura.
Raízen suspende operações da Usina Santa Elisa, em Sertãozinho.
Reprodução EPTV
Presidente do sindicato fala em ‘tragédia sem explicação’
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar da Alimentação e Afins de Sertãozinho e Região, Antônio Vitor, disse à EPTV, afiliada da TV Globo, que recebeu com “decepção e amargura” a notícia do encerramento das atividades.
“Sabíamos da situação difícil e dos problemas que vinham sendo enfrentados por falta de manutenção, mas imaginamos que teríamos um prazo pela frente, para uma busca por comprador, e quem sabe até uma cogestão. Mas fomos surpreendidos com a decisão da Raízen. A sensação hoje é de muita angústia.”
Ele classificou a decisão como um desgaste muito grande e um trauma sem explicação para a cidade, para a sociedade e para os dirigentes sindicais.
“O sindicato busca agora um pacote de benefícios para os trabalhadores que perderam seus empregos, a fim de amenizar um pouco essa angústia”.
Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Açúcar da Alimentação e Afins de Sertãozinho e Região.
Reprodução EPTV
Prefeitura anuncia plano de apoio
O Secretário de Desenvolvimento e Inovação de Sertãozinho, Paulo Roberto Gallo, afirmou que a prefeitura já trabalha em um plano de apoio aos desempregados, estimando que cerca de 200 deles residem na cidade.
“Nós fomos pegos de surpresa, mas, mesmo assim, de ontem [segunda-feira] para hoje [terça-feira] a gente preparou uma situação realmente emergencial. A administração municipal está muito preocupada com a questão desses trabalhadores que infelizmente perderam o emprego. Várias ações já estão sendo planejadas e preparadas para serem colocadas em prática já nos próximos dias”.
Entre as ações previstas, o secretário citou a recolocação no mercado de trabalho por meio do Posto de Atendimento ao Trabalho (PAT), requalificações e a busca por empresas da região dispostas a absorver essa mão de obra.
“É uma ação conjunta capitaneada pela administração municipal e apoiada pela iniciativa privada local”.
Gallo ressaltou que Sertãozinho e a região vêm absorvendo mão de obra e que a prefeitura quer fazer uma ponte, entre quem está demandando e quem está ofertando.
Além do apoio direto ao emprego, a prefeitura prepara ações sociais e de suporte, incluindo requalificação, com a divulgação dos canais de acesso, e procedimentos para cadastro nos próximos dias.
Impactos além dos funcionários
A Usina Santa Elisa foi fundada em 1936 e teve papel fundamental no desenvolvimento do setor sucroenergético na região de Ribeirão Preto.
Segundo o consultor em agronegócio José Carlos de Lima Júnior, além dos funcionários diretos, fornecedores e prestadores de serviços locais também podem ser impactados pelo fechamento da usina.
“O maior impacto, com certeza, são daqueles que lidam diretamente com a unidade industrial que está sendo fechada em Sertãozinho. Portanto, os colaboradores direto e aqueles fornecedores, prestadores de serviço que atendem diretamente essa unidade”, explicou.
O consultor ainda afirmou que não haverá menor oferta de cana-de-açúcar, açúcar ou etanol devido às vendas já negociadas. A cana que seria moída na Usina Santa Elisa será redirecionada para outras unidades industriais.
“Neste momento, o que a gente tem é que esta unidade industrial de Sertãozinho que está sendo fechada, receberia um grande volume de cana, esta matéria-prima. E esta cana vai ter de ser obrigatoriamente redirecionada para outras indústrias”.
Segundo ele, o Brasil possui capacidade industrial instalada superior à capacidade de moagem, o que permite o redirecionamento da matéria-prima sem prejuízos na oferta.
Os pequenos fornecedores de cana, que possivelmente possuem contratos, terão a matéria-prima direcionada para outras plantas, sejam da própria Raízen ou de outras indústrias.
“Não tem nenhum risco de termos aumento de preço de açúcar nem de etanol pelo fechamento de uma unidade industrial. Até porque, no Brasil temos mais de centenas de plantas operando. O que nós estamos fazendo é: assistindo o fechamento de uma unidade que tem um volume estabelecido que será distribuído entre as demais plantas” .
A Usina Santa Elisa foi fundada em 1936 e é considerada uma das grandes usinas brasileiras. Ela atuou no plantio, colheita e processamento da cana-de-açúcar para produção de açúcar, etanol e energia.
A usina possui capacidade de moagem de cerca de 6,1 milhões de toneladas e opera 36,4 mil hectares de lavoura de cana.
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