O Brasil está construindo um dos maiores projetos logísticos de sua história recente. Trata-se do Porto Central, um megacomplexo portuário privado em Presidente Kennedy, no Espírito Santo, com capacidade para receber navios de até 25 metros de calado — incluindo gigantes como VLCCs e Velemax, com até 400 mil toneladas. O investimento total, ao longo de cinco fases até 2040, deve ultrapassar R$ 16 bilhões.
Atualmente, os principais portos brasileiros têm profundidade média de apenas 13 metros, o que obriga transbordos, escalas em portos estrangeiros e uso de embarcações menores, elevando custos e tempo. O Porto Central nasce para romper essa limitação e colocar o país na mesma liga de gigantes logísticos como Roterdã, Xangai e Singapura.
Localização estratégica e escala monumental
O Porto Central ocupa mais de 1.700 hectares (o equivalente a 2.800 campos de futebol) no litoral do Espírito Santo. Sua posição é estratégica: próximo ao pré-sal, a poucas horas dos principais centros consumidores do Sudeste e do agronegócio do Centro-Oeste, regiões que respondem por 63% do PIB nacional.
O projeto também inclui um parque verde de mais de 230 hectares para compensação ambiental e preservação de áreas históricas, como a da Igreja Nossa Senhora das Neves.
Investimento e impacto
A primeira fase, já em andamento, foca na infraestrutura marítima e terrestre, com um canal de acesso dragado para até 25 metros de profundidade, quebra-mares, dragagem de 64 milhões de metros cúbicos (o suficiente para 25 mil piscinas olímpicas) e terminais para diferentes cargas — petróleo, grãos, contêineres e minérios.
O investimento inicial é de R$ 2,6 bilhões. Nas cinco fases, o montante pode superar R$ 16 bilhões — equivalente a um terço do orçamento do PAC para mobilidade urbana em 2023.
Logística integrada e moderna
O Porto Central será o primeiro do Brasil a integrar mar, rodovias, ferrovias e dutos em uma plataforma única. Estradas estaduais e federais já estão sendo modernizadas, e o projeto prevê ligações ferroviárias com a EF18 e a futura E352, além de corredores de dutos conectando o porto ao sistema nacional de gás.
Uma zona de processamento de exportação (ZPE), com incentivos fiscais e alfandegários, também está prevista para atrair indústrias e exportadores.
Benefícios econômicos e sociais
O impacto vai muito além da engenharia. Produtores rurais, mineradoras e a indústria de petróleo finalmente terão acesso a um porto capaz de escoar grandes volumes com menos custos e tempo. Para a comunidade local, o porto já começa a gerar empregos diretos e indiretos em logística, construção civil, serviços e comércio.
Apesar dos desafios ambientais, o projeto conta com mais de 40 programas de monitoramento e controle para mitigar impactos, mostrando que é possível combinar desenvolvimento com sustentabilidade.
O futuro da logística brasileira
O Porto Central representa um divisor de águas para o Brasil. Reduz custos logísticos, melhora a competitividade no comércio exterior e cria oportunidades para comunidades locais. Ele responde a uma demanda histórica por modernização e eficiência portuária e posiciona o Brasil em um novo patamar na logística global.
O megacomplexo é um lembrete de que grandes transformações exigem planejamento, coragem e execução responsável — e talvez em Presidente Kennedy esteja nascendo o primeiro passo para essa nova era.
O post Porto Central muda o jogo: megaporto no ES vai receber navios gigantes e modernizar logística do Brasil apareceu primeiro em O Petróleo.