O trecho rodoviário entre Salvador e Feira de Santana, um dos mais movimentados do Nordeste, está prestes a ganhar uma alternativa moderna, rápida e sustentável: uma nova ferrovia de 100 km, projetada para transportar passageiros e cargas em apenas 35 minutos — menos da metade do tempo atual.
Com mais de 4 milhões de habitantes nas duas regiões metropolitanas, a ligação Salvador–Feira sofre hoje com congestionamentos diários, acidentes frequentes e altos custos logísticos na BR-324, que chega a receber mais de 40 mil veículos por dia. O novo trem, batizado de “Trem Cidades”, visa transformar essa realidade e servir como modelo para outros estados brasileiros.
O projeto e suas etapas
Proposto inicialmente pela CCR Metrô Bahia em 2023 e, a partir de 2024, encampado pelo governo federal por meio do Ministério dos Transportes, o projeto está sendo avaliado sob regime de autorização ferroviária pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), dispensando licitação formal.
A empresa TIC Bahia LTDA apresentou o pedido oficial à ANTT e já iniciou os estudos técnicos, que devem ser concluídos ainda em 2025. A expectativa é que as obras comecem nos próximos dois anos, dependendo da aprovação do projeto executivo e das licenças ambientais.
A ferrovia será de tráfego misto: além de passageiros, transportará cargas como produtos agrícolas, combustíveis e bens industriais entre o polo logístico de Feira e o Porto de Salvador.
Benefícios para a Bahia
Entre os impactos previstos estão:
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Redução de até 50% no tempo de viagem para passageiros;
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Menos congestionamentos e acidentes na BR-324;
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Estímulo ao desenvolvimento econômico nos municípios do trajeto, como Simões Filho, Candeias e Santo Amaro;
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Geração de milhares de empregos durante construção e operação;
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Redução de emissão de CO₂ e maior eficiência energética.
O trem também promete conectar comunidades, melhorar a qualidade de vida de estudantes e trabalhadores, e contribuir para a valorização imobiliária nas áreas próximas às futuras estações.
Desafios e expansão
O projeto ainda depende da aprovação formal pela ANTT e do detalhamento do traçado definitivo. As equipes técnicas avaliam variáveis como densidade urbana, impacto ambiental e custos de desapropriação para definir as melhores soluções.
Há também planos de estender a linha para cidades como Alagoinhas, Cruz das Almas e, futuramente, Vitória da Conquista, formando um corredor ferroviário intermunicipal no estado.
Um exemplo nacional
O Trem Cidades marca o resgate da tradição ferroviária no Brasil, com tecnologia de ponta e foco em sustentabilidade, alinhado ao novo programa federal de ampliação da malha ferroviária. Caso se concretize, poderá servir de inspiração para outros estados que já discutem projetos semelhantes, como Pernambuco, Ceará e Goiás.
Ao encurtar distâncias geográficas, sociais e econômicas, o trem Salvador–Feira de Santana surge como uma resposta ousada aos desafios de mobilidade e desenvolvimento no Brasil, aproximando ainda mais um sonho antigo da realidade.
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