Robôs em restaurantes da China: realidade futurista ou fracasso anunciado?

Braços robóticos que preparam cappuccinos, bandejas automáticas que deslizam pela mesa, garçons androides que entregam pratos e QR codes que substituem caixas. Durante alguns anos, essa cena não era ficção científica: era a realidade em restaurantes de Xangai e outras cidades chinesas.

Entre 2017 e 2020, a China se tornou o epicentro dos chamados smart restaurants, totalmente automatizados. O cliente escolhia os ingredientes em um tablet, pagava via QR code e via um braço robótico montar sua refeição com movimentos precisos. Uma esteira entregava o prato direto à mesa, sem necessidade de interação humana.

O auge e a queda dos restaurantes robóticos

A experiência, inicialmente, foi um sucesso. Filas se formavam para ver robôs cozinhar e servir refeições com rapidez e precisão. As pessoas iam pela curiosidade — e saíam impressionadas com a tecnologia.

Mas o encanto durou pouco.

Logo surgiram relatos de pratos frios ou mal preparados, erros no pedido e a sensação de que faltava algo essencial: o calor humano. Em uma cultura como a chinesa, que valoriza a hospitalidade e o serviço atencioso, os robôs não conseguiram suprir essa expectativa.

Além disso, os custos operacionais eram altíssimos. O investimento inicial para montar um restaurante robótico era pesado, com robôs caros, manutenção especializada e atualizações constantes de software. E mesmo sem funcionários humanos, as contas não fechavam.

Quando a pandemia atingiu os negócios em cheio, muitos desses restaurantes já estavam em dificuldades financeiras — e não resistiram.

Uma experiência que virou lição

Hoje, a maioria dos restaurantes totalmente automatizados na China fechou. Em shoppings, os espaços foram rapidamente ocupados por novos negócios que atraem mais clientes. O conceito não desapareceu completamente, mas está se adaptando: em vez de robôs autônomos, a tendência agora é usar braços robóticos controlados por humanos para tarefas específicas, como cortar carnes, fritar alimentos ou montar pratos — deixando o atendimento e a supervisão para pessoas.

O caso dos restaurantes robóticos mostra que a tecnologia, por si só, não garante sucesso quando ignora a experiência e as expectativas dos clientes. A boa comida, o cuidado no preparo e o atendimento caloroso continuam sendo ingredientes indispensáveis para um restaurante prosperar.

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