No Rio de Janeiro, o Energy Summit 2025, um dos maiores eventos da América Latina sobre sustentabilidade e transição energética, abriu seu primeiro dia com um tema que vem ganhando destaque no Brasil: a energia nuclear. O presidente da Associação Brasileira de Atividades Nucleares (ABDAN), Celso Cunha, defendeu a expansão do setor como uma solução limpa e estratégica para os desafios energéticos do país e para a geração de riqueza.
Segundo Cunha, a energia nuclear não apenas complementa as fontes renováveis — como solar e eólica —, que são intermitentes, mas também contribui para áreas essenciais, como saúde, defesa e exportações. Ele lembrou que, durante a grande oscilação no sistema elétrico nacional em agosto de 2024, as térmicas e as nucleares foram as únicas a garantir estabilidade.
O Plano Nacional de Energia 2050 prevê a construção de até 10 novas usinas nucleares, totalizando cerca de 8 a 10 GW adicionais à matriz elétrica, que hoje ainda depende fortemente de hidrelétricas envelhecidas e poluentes fósseis. Para cada R$ 1 bilhão investido no setor, estima-se um retorno de R$ 3,2 bilhões, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas.
Além da geração de energia, Cunha destacou que a tecnologia nuclear é vital para o tratamento do câncer — já que o Brasil ainda importa radiofármacos, enfrentando riscos de desabastecimento — e para a conservação de alimentos, com irradiação que pode prolongar sua durabilidade em meses. Ele lembrou que o país já domina toda a cadeia do combustível nuclear e possui a sexta maior reserva mundial de urânio, com potencial de liderar globalmente quando todo o território for explorado.
Outro projeto estratégico citado é o submarino brasileiro com propulsão nuclear, que reforça a soberania nacional ao dispensar o diesel e aumentar a autonomia marítima.
Cunha reforçou ainda que a energia nuclear é reconhecida pela Agência Internacional de Energia Atômica como fundamental para a transição energética global, uma vez que nenhuma única fonte renovável será suficiente para substituir a matriz fóssil. Para ele, investir agora é garantir energia limpa e segurança para as próximas gerações.
O Energy Summit 2025, realizado em parceria com o MIT, reúne mais de 10 mil participantes e 3 mil empresas, e é um aquecimento para a COP30, que será sediada em Belém em novembro.
O post Energia nuclear ganha espaço no Brasil com retorno bilionário e 10 novas usinas até 2050 apareceu primeiro em O Petróleo.