
Mulher percebe que ossada da mãe foi trocada em cemitério de Vitória
A filha de uma mulher sepultada no Cemitério de Maruípe, em Vitória, descobriu que os restos mortais da mãe foram trocados pelos de um homem. Ela foi ao local para fazer a transferência dos restos mortais na manhã desta quarta-feira (23).
Edma Rodrigues registrou um boletim de ocorrência e disse que a ossada entregue a ela pela equipe do cemitério era de uma pessoa que estava internada em um hospital. Maria Rodrigues, a mãe de Edma, morreu em setembro de 2020 em casa, vítima de um infarto fulminante.
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Para a TV Gazeta, Edma contou que a transferência da ossada foi adiada várias vezes desde abril, e que recentemente soube que outra pessoa já havia sido sepultada no túmulo onde a mãe estava. Ela procurou a administração do cemitério e foi informada que a ossada estava disponível para retirada, mas, ao receber os restos mortais, percebeu que os ossos estava identificados com outra identidade.
“Quando eu fiquei sabendo, um dia depois eu fui no administrativo do cemitério para entender o que tinha acontecido. Me falaram que foi um erro no plantão do final de semana, e que a ossada da minha mãe estaria guardada e que eu poderia requerer quando eu quisesse”, falou.
“Hoje, 15 dias após, eu fui lá e chegando lá me entregaram uma ossada que não era da minha mãe. Está com uma identificação de hospital com um nome masculino, João Felício”
Na época em que fez a retirada dos ossos do túmulo, a Prefeitura de Vitória informou para a mulher que houve um erro na mudança, mas que a ossada da mãe estava guardada no local.
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Edma Rodrigues descobriu que ossada da mãe foi trocada em Cemitério de Maruípe, em Vitória, Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
A equipe do cemitério mostrou um segunda ossada para Edma, que também não identificou como sendo da mãe. Edma apontou ainda que o túmulo da mãe estava todo revirado.
“Depois disso eu fui fazer um boletim de ocorrência porque eu quero, eu preciso. É um momento meu. Maior falta de respeito, a placa com identificação jogada de qualquer jeito, de cabeça pra baixo. Fiquei muito triste com isso”, narrou.
O g1 procurou a Prefeitura de Vitória, mas não teve nenhum retorno até a última atualização desta reportagem.
A Polícia Civil informou que o caso foi registrado nessa quarta-feira (23), na Delegacia Regional de Vitória, e foi caracterizado como ocorrência para fins de direito civis, visto tratar-se de fato fora do âmbito de atribuições de investigação da Polícia Civil. A vítima foi devidamente orientada a como proceder com o caso.
Outro caso
Cemitério de Maruípe em Vitória, Espírito Santo.
Ricardo Medeiros
Uma outra situação de desaparecimento de restos mortais no mesmo cemitério em Vitória foi parar na Justiça. Desde 2023, uma filha está sem notícias do corpo da mãe, que foi retirado do túmulo original.
Kaique Lopes do Nascimento, o advogado da família, explicou que a confusão toda começou após a exumação marcada para ser feita no final de 2022. A mulher pediu para não ser identificada.
“Após a morte e enterro da mãe em dezembro de 2016, em novembro de 2022 a minha cliente foi chamada para fazer a exumação e foi constatado que o corpo não tinha decomposto porque a mãe morreu de metástase em razão de um câncer de mama. O prazo para exumação foi prorrogado por mais dois anos. Mas em julho de 2023, quando uma tia foi até o cemitério visitar, já era uma outra pessoa enterrada no túmulo”, disse o advogado.
A partir desse susto, a família começou a procurar informações e descobriram que no dia 14 de julho de 2023 foi anotado no livro do cemitério que uma outra pessoa foi enterrada no local.
“Protocolamos em 2023 um pedido administrativo na Prefeitura de Vitória para pedir informações e desde setembro de 2023 não conseguimos mais nada. Em novembro de 2024 recebemos um documento falando que mais de um ano o corpo não foi encontrado. Entendemos que foi retirado os restos mortais e sabe-se lá o que aconteceu, e nada foi avisado. Era um dever por decreto municipal para falar que estava sendo exumado novamente”, destacou.
Em 2024, a família entrou com uma ação e no dia 17 de julho de 2025 o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) concedeu uma liminar para que o município localizasse os restos mortais e custeasse os exames de DNA.
“A família está tendo que passar por tudo de novo, sofrer por uma negligência. Não saber onde está a sua mãe é uma revolta completa”, afirmou.
A Prefeitura de Vitória informou que a conservação dos espaços e equipamentos públicos é uma das prioridades da gestão municipal. O órgão disse ainda que são realizados regularmente serviços de limpeza, manutenção, poda e jardinagem.
A administração lamentou profundamente o caso relatado por uma família e informou que está adotando todas as medidas e protocolos internos cabíveis para averiguar e tratar a situação com a devida seriedade e respeito, reafirmando o compromisso com a qualidade dos serviços prestados nos cemitérios da capital.
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