
Fachada do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, com estátua da Justiça em destaque.
Divulgação/STF
Réu pela trama golpista, o delegado da Polícia Federal Fernando de Sousa Oliveira afirmou nesta quinta-feira (24) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) deixou de cumprir o protocolo para evitar os atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023.
O delegado também afirmou que o então secretário de Segurança do DF Anderson Torres manteve sua viagem ao exterior mesmo após ser alertado dos riscos de violência na mobilização prevista para a Esplanada dos Ministérios.
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Oliveira foi secretário-executivo da SSP-DF na gestão de Torres. Os dois atuaram também no Ministério da Justiça do governo Bolsonaro. Os dois respondem no Supremo pelos crimes de organização criminosa armada, golpe de estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e dano ao patrimônio tombado.
O delegado foi interrogado no Supremo sobre as acusações da Procuradoria-Geral da República, apresentando suas versões dos fatos. Eles fazem parte do chamado núcleo 2, acusados que ocupavam posições profissionais relevantes e gerenciavam as ações elaboradas pela organização para manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas urnas em 2022.
Oliveira disse que Anderson Torres não fez uma transição antes de se afastar para uma viagem ao exterior na véspera do dia 8 de janeiro. Ele afirmou ainda que o afastamento de Torres fez parte de uma série de surpresas e que até o gabinete do governador do DF e o comandante da PM também demonstraram não ter conhecimento da saída do titular.
De acordo com o delegado, Torres foi alertado das chances de atos violentos, mas manteve a afastamento. “Questiono sobre a viagem, se não seria correto ele adiar a viagem… ele diz que demonstrava confiança na Policia Militar do DF e o PAI [Plano de Ação Integrada] que ele julgou que estava perfeito e na sequência mantém a viagem”.
O delegado criticou a atuação da PM do DF na proteção da Esplanada dos Ministérios. Segundo ele, a cúpula da polícia deixou de cumprir ações previstas no protocolo discutido pelas forças de Segurança.
“Minhas ações foram de fortalecimento da segurança. A PM não cumpriu diversas ações estabelecidas no PAI. […] No que se refere na atuação da secretaria de Segurança, tive ousadia de pedir reforço mesmo contrariando a PM, eu sou do quanto mais melhor. Meu radar sempre foi segurança”.
E continuou: Ocorreu erro operacional de execução da PM. Desde o sábado recebeu apoio, passou dezenas de informações desencontradas, inverídicas que não se confirmavam com a realidade dos fatos. Falavam em 600 homens e não tinham. Pedido de reforço não foi atendido A PM resistia ancorando e não cumpriu o PAI˜.
Oliveira classificou o 8 de janeiro “maior ato de agressividade que viu na vida. Nunca vi tanto ódio e violência. Policiais foram guerreiros”.
No fim do interrogatório, Oliveira chegou a embargar a voz ao defender que agiu dentro da legalidade e tomou medidas para evitar atos violentos.
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