STF ouve integrantes dos núcleos 2 e 4 da tentativa de golpe; interrogatórios foram feitos de forma simultânea


STF interroga réus de dois núcleos da trama golpista
O STF interrogou nesta quinta-feira (24) réus integrantes dos núcleos 2 e 4 no julgamento na tentativa de golpe de Estado.
Os réus foram ouvidos por videoconferência e de forma simultânea. A segunda turma interrogou os sete réus do núcleo quatro, acusados de espalhar informações falsas na tentativa de manter Bolsonaro no poder. Todos negaram as acusações.
Na primeira turma, foram interrogados os seis do núcleo 2 acusados de gerenciar ações da trama golpista e usar instituições. Um deles é o ex-assessor internacional da Presidência no governo Bolsonaro, Filipe Garcia Martins Pereira. Segundo a denúncia, Martins participou de reunião com o ex-presidente para elaborar a minuta do golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
Martins admitiu que esteve no Palácio da Alvorada no fim de 2022. Mas negou conhecer a chamada minuta do golpe e ter participado de reuniões com comandantes das Forças Armadas,como afirmou o delator Mauro Cid.
“Esse documento não existe nos autos, o colaborador confirmou isso, então posso afirmar com total segurança que não só não tive contato com essa minuta antes, como não tive durante esse processo, por isso inclusive, minha defesa tem insistido em chamar essa minuta de minuta fantasma. As duas testemunhas de acusação, os corréus, dizem que eu não estava, não participei de nenhuma reunião sobre minuta. Nunca houve nada dessa natureza, pelo contrário, as manifestações do presidente eram sempre em outra direção” , disse Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência da República.
O coronel da reserva, Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro negou ter o monitoramento de autoridades. Afirmou que foi Mauro Cid que foi Mauro Cid que deu a Alexandre de Moraes o codinome “professora”.
“Não cogitei dar golpe de Estado. Sinceramente, vendo agora, eu vejo que o que passava no intuito de ser um ajuste de agenda, uma coisa totalmente dentro do lícito e do que eu pensava, pode ter sido usada de forma diferente, mas não era do meu conhecimento, não era minha intenção”, afirmou.
A ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília Ferreira de Alencar, confirmou ter pedido um estudo que identificasse locais em que Lula teve mais de 7% dos votos no primeiro turno das eleições de 2022. Mas disse que também fez o estudo dos locais em que Bolsonaro teve mais votos. Ela admitiu ter mostrado o levantamento para Anderson Torres, mas negou que o trabalho tenha sido feito para direcionar a ação da PRF no segundo turno em cidades onde Lula liderava as pesquisas com folga.
“Eu nunca comentei com ele sobre PRF, sobre nada disso. o que eu expliquei para ele é que eu fiz esses cruzamentos que ele tinha me pedido, alguns deles e que o resultado era aquele ali”.
Já o general da reserva Mário Fernandes admitiu a autoria do plano que previa o assassinato de autoridades, entre elas o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes. Falou que imprimiu e depois rasgou o documento.
“Nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilado de dados, um estudo de situação meu, um pensamento, uma análise de riscos que eu fiz e por costume próprio eu resolvi digitalizar. Não foi mostrado a ninguém esse pensamento digitalizado, não foi compartilhado com ninguém. Hoje me arrependo de ter digitalizado isso”.
Os 13 réus dos núcleos 4 e 4 respondem por: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Encerrada essa etapa dos interrogatórios, acusação e defesas terão cinco dias para pedir diligências adicionais. Depois, será aberto o prazo para as alegações finais.
Ao STF, general da reserva Mário Fernandes admite autoria do plano que previa assassinato de autoridades
Reprodução/TV Globo
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