A memória e o legado das mulheres negras é uma ferramenta potente de resistência e reparação histórica
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“Cada mulher negra que resistiu antes de nós fez possível que a gente estivesse hoje aqui, em espaços de decisão. O 25 de julho também é dia de cobrança por equidade e um grito coletivo que diz: estamos vivas, organizadas e iremos permanecer”, completou.
Isaura Genoveva
| Foto: Bruno Conha/Secom PMS
Políticas públicas e programas de valorizaçãoSegundo Isaura, a Semur tem atuação transversal, com projetos que dialogam diretamente com as comunidades negras e periféricas da cidade. Um deles é o Programa Salvador Quilombola, que oferece suporte a estudantes da Ilha de Maré para acesso e permanência no ensino superior.Outro destaque é o Cadastramento de Povos e Comunidades de Terreiros, que garante o acesso aos direitos previstos na Constituição e no Estatuto da Igualdade Racial, como imunidade tributária, uso da terra e participação em projetos sociais nas áreas de saúde, educação e meio ambiente.Há ainda o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), que atua dentro do serviço público para fortalecer a capacidade de prevenção e enfrentamento ao racismo estrutural.“Este é mais um ato de reparação, de visibilidade e de reconhecimento concreto do impacto e da relevância de suas contribuições no serviço público e nas comunidades”, enfatiza Isaura.A secretária também ressalta a atuação da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), que trabalha de forma integrada com outras pastas nas pautas voltadas às mulheres da cidade.Representatividade no mundo corporativoA luta por visibilidade também ganha força dentro do setor privado. Para Aline Lima, head de diversidade, equidade e inclusão da Natura, o Dia da Mulher Negra é uma data de afirmação e transformação. “Representa o compromisso com a reparação histórica e a urgência de romper ciclos de invisibilidade que impactam profundamente o acesso, a ascensão e o reconhecimento de mulheres negras no mundo do trabalho”, destaca.
Aline Lima
| Foto: Reprodução
A executiva aponta que a Natura tem buscado intencionalmente aumentar a presença de mulheres negras em cargos de liderança, além de promover iniciativas como a Jornada da Consultora Negra e o apoio a coletivos de empreendedoras.Segundo Aline, a marca também aposta em inovação com propósito, como no lançamento da linha Jambo Rosa e Flor de Caju, com fragrância desenvolvida a partir da escuta ativa de mulheres negras, processo que teve como fonte de inspiração a própria cidade de Salvador.Reforçando seu compromisso com a valorização da cultura negra, a Natura também é patrocinadora da edição soteropolitana do Festival Negritudes, que ocorre neste mês de julho. “Salvador é um território absolutamente central quando falamos da cultura negra no Brasil. Esse patrocínio é a materialização dos compromissos profundos da marca com a valorização da cultura negra e a escuta de comunidades historicamente invisibilizadas”, explica Aline Lima.Mais sobre a data Foi criada em 1992, durante a Conferência de Durban contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e a Intolerância correlata, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Ela homenageia figuras emblemáticas como Marielle Franco, Angela Davis e tantas outras que lideraram movimentos de resistência e transformação social. Essa data destaca a importância de combater o racismo, o machismo e todas as formas de discriminação, além de promover a valorização da cultura e das contribuições das mulheres negras na construção da sociedade. É um momento de reflexão sobre os avanços alcançados, mas também de reflexão sobre os desafios ainda enfrentados por essa população, reforçando a necessidade de ações afirmativas e políticas públicas que promovam a inclusão e o empoderamento.