A gigante francesa TotalEnergies divulgou nesta quinta-feira (24) seu relatório de resultados do segundo trimestre de 2025, revelando um cenário desafiador para o mercado de petróleo. Com a queda do lucro ajustado para US$ 3,58 bilhões — recuo de 23% em relação ao ano anterior — e uma alta de 29% na dívida líquida trimestral, a empresa aponta para um ambiente de forte volatilidade, excesso de oferta e crescimento econômico global em desaceleração.
Lucro abaixo do esperado e dívida crescente
O resultado ficou aquém da expectativa dos analistas, que previam lucro de US$ 3,67 bilhões. A dívida líquida da companhia saltou para US$ 25,9 bilhões no trimestre, quase o dobro do registrado no mesmo período de 2024. O aumento reflete o avanço dos investimentos, aquisições e maior necessidade de capital de giro.
Segundo a TotalEnergies, os investimentos líquidos somaram US$ 11,6 bilhões no primeiro semestre, com destaque para a aquisição da produtora alemã de energia renovável VSB. A meta de investimentos em 2025 permanece entre US$ 17 bilhões e US$ 17,5 bilhões, sustentada por um programa de alienações previsto para o segundo semestre.
Pressão no petróleo: OPEP+, guerra tarifária e demanda fraca
Em comunicado aos acionistas, a Total apontou três fatores principais para a instabilidade do mercado:
-
Oferta abundante, devido ao afrouxamento dos cortes voluntários de produção da OPEP+;
-
Demanda enfraquecida, impulsionada pela desaceleração econômica mundial;
-
Ambiente geopolítico instável, com destaque para a escalada de guerras tarifárias entre grandes economias.
Esse contexto pressiona os preços do petróleo e desafia as estratégias de grandes petrolíferas, que precisam equilibrar investimentos em expansão, retorno aos acionistas e controle da dívida.
Recompra de ações e dividendos
Apesar do cenário adverso, a TotalEnergies manteve sua meta de recompra de ações em até US$ 2 bilhões no terceiro trimestre. Contudo, no período encerrado em junho, o valor efetivamente recomprado foi de US$ 1,7 bilhão, inferior aos trimestres anteriores.
A empresa também anunciou o pagamento do segundo dividendo provisório de € 0,85 por ação, um aumento de 7,6% frente ao valor distribuído no mesmo trimestre de 2024, sinalizando esforço para preservar a atratividade da companhia aos investidores.
Produção cresce, mas petroquímica recua
No primeiro semestre, a produção de petróleo e gás da TotalEnergies subiu mais de 3%, puxada pela entrada em operação de novos projetos nos EUA e no Brasil. Já a divisão de eletricidade cresceu mais de 20% no comparativo anual, reforçando o foco estratégico em transição energética.
Por outro lado, a produção petroquímica caiu no segundo trimestre devido à manutenção da unidade de Normandie (França) e à fraca demanda na Europa. Novas paralisações estão programadas para o terceiro trimestre em instalações na Antuérpia (Bélgica), Port Arthur e HTC.
Reação do mercado
As ações da TotalEnergies operaram em queda após a divulgação do balanço, recuando até 2,5% e sendo negociadas a € 52,33, uma baixa de 1,8% em relação ao fechamento anterior na Bolsa de Paris.
Com esse resultado, a TotalEnergies lança um alerta para o restante do setor: mesmo com expansão em energias renováveis e aumento na produção de petróleo e gás, o mercado permanece frágil diante da combinação de tensões geopolíticas, excesso de oferta e economia mundial em ritmo lento.
O post TotalEnergies alerta para cenário difícil no petróleo após queda no lucro e alta da dívida apareceu primeiro em O Petróleo.