Obra bilionária vai transformar a Bahia com a maior ponte da América Latina

Durante décadas considerada um sonho distante, a Ponte Salvador-Itaparica finalmente se concretiza. Com 12,4 km de extensão sobre o mar e investimento superior a R$ 10,4 bilhões, a maior ponte da América Latina tem início de obras previsto para 2026 e conclusão até 2031. O projeto promete alterar profundamente a logística, o turismo e o desenvolvimento socioeconômico da Bahia.

Um sonho iniciado nos anos 1960

A ideia de conectar Salvador à Ilha de Itaparica por terra firme surgiu na década de 1960, mas só nas últimas duas décadas começou a ganhar forma. O alto custo e os desafios de engenharia sempre foram entraves. Durante anos, a travessia por ferry boat foi a única alternativa  limitada, instável e sujeita a longas filas.

Foi apenas a partir de 2019, com o leilão na B3 e a vitória do consórcio chinês formado pela China Communications Construction Company (CCC) e a CRCC20, que o projeto avançou. O modelo adotado é uma parceria público-privada: o consórcio arcará com 70% dos custos e o Estado da Bahia com os 30% restantes. Em troca, a concessão será de 35 anos com direito à cobrança de pedágio.

Estrutura e tecnologia de ponta

Com 12,4 km sobre a Baía de Todos-os-Santos, a ponte terá três faixas por sentido, acostamentos, iluminação cênica e trecho estaiado com 860 metros e torres de 85 metros de altura  garantindo passagem de grandes embarcações.

O projeto vai além da travessia marítima. Envolve a construção de viadutos, túneis e duplicações viárias, conectando Salvador à BR-324 e, do lado de Itaparica, à BA-001, com integração ao sistema rodoviário estadual e federal, incluindo as BRs 101, 116 e 242.

A execução exigirá fundações profundas em ambiente marítimo, resistentes à salinidade e marés intensas, além de sistemas inteligentes de tráfego e monitoramento estrutural em tempo real.

Impactos econômicos e sociais

Segundo estimativas, a ponte beneficiará cerca de 10 milhões de pessoas em 250 municípios. A travessia, que hoje pode levar mais de uma hora por ferry boat, será reduzida a 20 minutos de carro.

A obra é estratégica para integrar Salvador ao interior do estado, encurtar distâncias logísticas e fortalecer polos regionais. Em alguns trajetos, haverá redução de até 100 km, atraindo investimentos e fomentando a descentralização da produção.

Além disso, o turismo será fortemente impulsionado. Regiões como Morro de São Paulo, Boipeba e Valença devem se tornar mais acessíveis, promovendo geração de renda e inclusão regional.

Pedágio, acessibilidade e sustentabilidade

A operação da ponte será feita por meio de pedágio, com tarifas estimadas entre R$ 30 e R$ 40 por veículo de passeio, mas com isenções e descontos para moradores da Ilha de Itaparica e uso frequente.

O projeto inclui programas ambientais e sociais voltados para preservação de ecossistemas, reassentamento de famílias afetadas e capacitação de mão de obra local. A expectativa é de gerar cerca de 7.000 empregos diretos e indiretos ao longo da construção.

Um marco na engenharia brasileira

Com início das obras marcado para 2026 e entrega total até 2031, a Ponte Salvador-Itaparica simboliza uma virada histórica na infraestrutura baiana. O consórcio chinês traz know-how de megaprojetos como a ponte Hong Kong–Zhuhai–Macau, a maior ponte marítima do mundo.

O projeto brasileiro não só encurta distâncias geográficas, mas cria um novo eixo de desenvolvimento para o estado. Ao conectar Salvador à Ilha de Itaparica, cria-se uma nova Bahia: mais integrada, acessível e com potencial de crescimento sustentável.

Mais do que uma ponte, trata-se de um motor de transformação. Agora, resta saber se, diante dos desafios políticos, ambientais e econômicos, ela conseguirá cumprir tudo o que promete  e marcar, de fato, o início de uma nova era para a Bahia e para a engenharia nacional.

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