Fortescue cancela projetos de hidrogênio verde nos EUA e Austrália após FID

A Fortescue, gigante australiana do setor de mineração e energia, anunciou nesta quinta-feira (24) a suspensão de dois importantes projetos de hidrogênio verde: o Arizona Hydrogen (80 MW), nos Estados Unidos, e o PEM50 (50 MW), na Austrália. Ambos haviam recebido aprovação para investimento final (FID) em novembro de 2023, mas foram interrompidos em meio a um cenário global mais cauteloso quanto à viabilidade econômica da tecnologia.

A decisão representa uma baixa contábil de aproximadamente US$ 150 milhões no balanço do segundo semestre de 2025, valor relacionado aos ativos e terrenos já adquiridos para as duas iniciativas. A empresa informou que estuda o reaproveitamento desses bens, mas não deu previsão para eventuais novos usos.

EUA: ambição climática em declínio impacta planos

Segundo o CEO da Fortescue para crescimento e energia, Agustin Pichot, o cancelamento do projeto no Arizona está diretamente relacionado ao que chamou de “retrocesso na ambição verde” dos Estados Unidos. A expectativa da companhia era aproveitar incentivos para energias renováveis previstos na legislação norte-americana, que não se materializaram na escala e velocidade necessárias.

“Estamos vendo um cenário global em que os custos do hidrogênio verde ainda não caíram como se esperava, especialmente em mercados que deveriam liderar essa transição”, afirmou Pichot.

Austrália e os desafios internos

No caso do projeto PEM50, localizado em Gladstone, na costa australiana, a decisão de cancelamento decorre de fatores semelhantes: elevação dos custos operacionais e ausência de garantias de demanda em larga escala. A Fortescue reforçou que a tecnologia do eletrolisador PEM continua promissora, mas não nas condições atuais de mercado.

Brasil segue como prioridade

Apesar do recuo em duas frentes estratégicas, a Fortescue mantém seus planos de expansão no Brasil, com destaque para a planta de hidrogênio verde no Porto do Pecém, no Ceará. O projeto é considerado prioritário pela empresa, que busca parcerias com o governo brasileiro para viabilizar o acesso à energia renovável e à infraestrutura necessária.

O Brasil se destaca no radar da companhia por oferecer potencial competitivo em energia solar e eólica, fatores-chave para a produção do hidrogênio verde com menor custo. A localização estratégica do Pecém e a possível exportação para a Europa também elevam a atratividade do investimento.

Mercado global esfria entusiasmo

A decisão da Fortescue sinaliza um movimento mais amplo de cautela no setor. Diversas empresas vêm adiando ou revisando projetos diante do alto custo dos eletrolisadores, da falta de demanda firme e das incertezas sobre o preço futuro do hidrogênio verde. A esperança de que a tecnologia se tornasse viável economicamente na primeira metade da década começa a ceder espaço ao realismo de mercado.

Mesmo assim, especialistas apontam que o hidrogênio verde segue como peça-chave para a descarbonização industrial e energética de longo prazo — especialmente em setores como siderurgia, fertilizantes e transporte marítimo.

O post Fortescue cancela projetos de hidrogênio verde nos EUA e Austrália após FID apareceu primeiro em O Petróleo.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.