EUA querem terras raras do Brasil para indústrias de tecnologia

Os interesses do ex-presidente Donald Trump no Brasil ganharam um novo capítulo: os Estados Unidos querem acesso privilegiado aos minerais estratégicos brasileiros, especialmente lítio, nióbio e terras raras — substâncias essenciais para a indústria tecnológica e bélica. A informação foi confirmada por Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), após reunião com Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada dos EUA em Brasília.

Interesse direto em minerais estratégicos

Durante o encontro, Escobar expressou com clareza que o governo norte-americano deseja firmar acordos com o Brasil para garantir acesso a esses recursos. Jungmann, por sua vez, afirmou que reforçou a necessidade de qualquer negociação envolver o governo federal, já que a Constituição brasileira determina que os recursos minerais pertencem à União.

“Eles reafirmaram esse interesse, mostraram preocupação e reconheceram a importância de uma negociação com contrapartidas”, disse Jungmann.

Brasil tem uma das maiores reservas do mundo

Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil detém a segunda maior reserva de terras raras do planeta, atrás apenas da China. Estima-se que o país possua cerca de 21 milhões de toneladas desses elementos químicos, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. No entanto, a produção nacional ainda é tímida: apenas 1% do total global.

Reservas e produção mundial de terras raras (2024)

País Reserva estimada (milhões t) Produção anual (%)
China 44 70%
Brasil 21 1%
Vietnã 22 2%
Rússia 12 10%
Índia 6.9 3%

Trump já havia demonstrado forte interesse em recursos estratégicos antes mesmo de assumir o novo mandato. Ele tentou, sem sucesso, controlar a Groenlândia, rica em 25 minerais considerados críticos, e impôs à Ucrânia um acordo para acesso exclusivo às suas terras raras como forma de pagamento pela ajuda na guerra contra a Rússia. O acordo foi assinado em abril e garante aos EUA prioridade de exploração por 10 anos.

Além disso, especialistas indicam que Trump também tenta selar acordos com a China, principal rival geopolítico, pela importância estratégica dos elementos raros, fundamentais na produção de baterias, smartphones, mísseis, drones e sistemas de comunicação militar.

Lula reage e defende soberania

Durante evento no Vale do Jequitinhonha (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu com firmeza ao avanço americano:

“Temos todo o nosso ouro, nossos minerais para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Peço apenas que o governo americano respeite o povo brasileiro, como respeito o povo americano.”

Apesar da clara manifestação de interesse dos EUA, não houve contato oficial entre os governos até o momento. As tratativas se mantêm no campo diplomático e setorial, por meio do Ibram.

Negociações em aberto e riscos geopolíticos

O Brasil se encontra em uma posição estratégica, tanto pela abundância de recursos quanto pelo contexto global de guerra tecnológica e reindustrialização verde. A forma como o governo brasileiro conduzirá as próximas etapas pode redefinir seu papel na geopolítica dos minerais.

O ex-ministro Raul Jungmann sugere que o tema pode ser uma carta estratégica nas mãos do governo federal em futuras negociações bilaterais, desde que envolva contrapartidas claras e soberania garantida.

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