Leia Também:
Festival celebra infâncias negras com contação de histórias em Salvador
Dia da Mulher Negra: data celebra resistência e representatividade
Salvador promove ações culturais e de renda em homenagem às mulheres negras
Eu não acredito em dar voz, eu acredito em escutar as vozes
Em entrevista exclusiva ao portal A TARDE, Djamila, autora do livro Lugar de Fala reforçou a importância de espaços com acessibilidade e diversidade para romper silêncios históricos e fortalecer o protagonismo negro. “Eu não acredito em dar voz, eu acredito em escutar as vozes, porque a gente sempre falou, a questão é que a gente não era escutada. Iniciativas como essa escutam e amplificam. E não dá pra pensar um projeto de Brasil sem pensar nas vozes negras”, disse.
Djamila em entrevista
Questionada sobre o que significa de fato ser uma mulher negra em movimento em 2025, Djamila chamou atenção para o caráter ancestral e cotidiano da luta dessas mulheres.“As mulheres negras sempre estiveram em movimento. Seja sustentando suas famílias, trançando cabelo, fazendo política, literatura, moda. A gente sempre se movimentou historicamente para lutar. Esse nome é muito bonito porque reconhece isso”, comentou.
| Foto: Victoria Isabel / Ag. A TARDE
Ativista do movimento negro internacionalmente, Djamila também destacou o simbolismo de estar em Salvador nesse momento. “A Bahia como um todo tem esse histórico de protagonismo. Tem Maria Felipa e outras tantas mulheres negras que foram importantes para a história do Brasil. Então, traz um significado muito maior de estar aqui como mulher negra participando num evento chamado Mulheres Negras em Movimento”, afirmou.
| Foto: Victoria Isabel / Ag. A TARDE
Feminismo interseccionalAtuante na pauta do feminismo interseccional – abordagem teórico-política que reconhece que as experiências de opressão e discriminação não são homogêneas entre todas as mulheres -, Djamila defende que é por meio da interseccionalidade que se nomeiam realidades, se geram políticas públicas e se demanda visibilidade.”A interseccionalidade é a ferramenta fundamental, não só como conceito, mas ferramenta política para a gente nomear as realidades de mulheres negras que ficam nesse entrecruzamento de raça a classe gênero. Então a interseccionalidade nomeia a nossa realidade. Ela joga luz a isso, inclusive para gerar demanda de políticas públicas para que o estado e as políticas públicas nos enxergue”, afirmou.
Livros e escritaAo comentar sobre o impacto de sua produção intelectual, Djamila relatou como é receber relatos de jovens que se identificam com suas obras e se sentem representadas por elas. “Eu fico muito feliz quando me escrevem dizendo que contribuí para a formação delas. Quando comecei, também criei um projeto de publicar outras autoras. Eu não queria vir sozinha. E quando vejo o alcance disso, penso: ‘Deu certo, faz sentido’. Esse reconhecimento é o maior de todos”, concluiu.
| Foto: Victoria Isabel / Ag. A TARDE
As obras de Djamila Ribeiro abordam temas como racismo estrutural, feminismo negro e desigualdades sociais, com o objetivo de contribuir para o debate sobre uma educação antirracista. Em seus livros, a autora propõe reflexões acessíveis sobre essas questões, alcançando diferentes públicos.