O município de Rio Real, localizado na região de Sealba que abrange partes de Sergipe, Alagoas e Bahia, vive um dos piores momentos de sua história no setor de citricultura. Reconhecido como o maior produtor de laranja da Bahia, responsável por 41% da produção estadual, o município enfrenta uma crise sem precedentes causada pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a importação do suco de laranja brasileiro.
Toneladas de frutas estragam sem escoamento
Com a queda na demanda internacional, toneladas de laranjas estão apodrecendo nas plantações, caminhões e fábricas da região. Produtores relatam filas quilométricas nas indústrias de suco, que atualmente operam com apenas metade da capacidade de processamento, incapazes de absorver toda a produção.
“Temos caminhões cheios de laranja voltando para as propriedades porque as fábricas não conseguem comprar ou processar tudo. É triste ver tanto trabalho perdido”, lamenta um produtor local.
Indústrias operam abaixo da capacidade
Segundo Fernando Braz, da Associação de Desenvolvimento Tecnológico Crítica do Nordeste, a situação já era delicada devido à queda na moagem da laranja nos últimos meses. Com a nova tarifa americana, o cenário se agravou:
“As indústrias estão moendo apenas metade da capacidade. Isso gera filas enormes, toneladas de frutas estragando e prejuízos para toda a cadeia produtiva”, explica Braz.
Além do impacto econômico, a crise ameaça milhares de empregos diretos e indiretos ligados à citricultura na região de Rio Real.
Produtores pedem novos mercados e apoio do governo
Diante do colapso, os produtores buscam a abertura de novos mercados internacionais e o fortalecimento da cadeia produtiva interna. Um dos principais pedidos é a criação de uma Câmara Setorial da Citricultura, que reuniria produtores, governo e representantes da indústria para discutir estratégias de escoamento e exportação.
“O governo estadual já iniciou tratativas com o secretário de Agricultura, e uma nova reunião será realizada na próxima semana. Precisamos unir forças para encontrar soluções e evitar mais perdas”, reforça Fernando Braz.
Sealba, um gigante agrícola em risco
A região de Sealba é considerada um dos maiores polos agrícolas do Nordeste, com forte produção de laranja, cana-de-açúcar e outros cultivos. A crise atual levanta preocupações sobre a sustentabilidade da atividade citrícola, já que muitos produtores podem abandonar a cultura devido aos prejuízos recorrentes.
Para especialistas, a diversificação de mercados, o investimento em tecnologia de processamento e o apoio governamental serão fundamentais para salvar a citricultura baiana de um colapso ainda maior.
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