Mesa na calçada, petiscos na estufa, copo lagoinha… essa paixão é um estilo de vida?

De onde vem essa nossa paixão? Essa cultura tão nossa, tão belo-horizontina, de parar na calçada, puxar uma cadeira de plástico, pegar um Copo Lagoinha e jogar conversa fora?

Será que é só uma forma de fugir da rotina e se conectar com a gente mesmo? Ou será que é também um jeito de lembrar de onde viemos?

Como boa mineira, amo prosear em qualquer lugar que eu vou. Outro dia, numa conversa com um motorista de aplicativo, ele me trouxe uma reflexão que fez todo sentido: essa nossa tradição de bater papo vem lá do interior de Minas, onde as pessoas colocam as cadeiras nas calçadas e ficam conversando sobre a vida até o anoitecer.

E talvez seja justamente por isso que tantos de nós mantemos esse hábito quase automático de transformar a rua numa extensão da sala. No fundo, a gente carrega raízes, histórias e memórias de quem veio desse interior mineiro.

E foi aí que eu percebi: para quem, como eu, é botequeira emocionada, tudo isso vai muito além do copo lagoinha ou do petisco na estufa como um comportamento de consumo. É sobre pertencimento, afeto, identidade. É sobre transformar cada mesa de bar num ponto de encontro com a gente mesmo, e com quem veio antes da gente.

Todas essas paixões se tornaram símbolos gastronômicos belo-horizontinos, como o nosso copo lagoinha, que no resto do país é só “copo americano”, mas aqui ganha status de símbolo. Tem quem tatue, quem colecione, quem brinde a vida inteira nele. Um clássico que atravessa gerações e faz parte do dia a dia das famílias belo-horizontinas, seja no boteco da esquina ou no almoço de domingo.

Tem também a estufa, que ganhou holofotes no mercado gastronômico, mas que carrega uma genialidade popular ao trazer a facilidade de encontrarmos comida boa em qualquer portinha, sem precisar de grande estrutura nem de uma equipe enorme para oferecer uma comida quentinha, sempre pronta para quem chegar. É comida que fica esperando a gente, e não o contrário. Talvez seja justamente isso que faça dela tão especial: a simplicidade, a praticidade, o abraço quente em forma de torresmo, pastel ou bolinho de carne.

No fim das contas, o buteco vai muito além do que se bebe ou se come. É encontro, é memória, é identidade. É estilo de vida, ou pelo menos, é uma maneira da gente lembrar quem somos, de onde viemos e por que seguimos voltando para a mesma calçada, para o mesmo copo, para a mesma estufa.

Porque, no fim, essa paixão não é só um costume: é mesmo um estilo de vida.
E pra você? Qual é o seu boteco preferido pra prosear e curtir no seu estilo?

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