A ameaça da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros já começa a impactar diretamente o agronegócio nacional. Um dos setores mais afetados é o de café, com destaque para a cooperativa entre Minas Gerais e São Paulo que reúne mais de 20 mil produtores.
Responsável pelo envio de quase 30% da sua produção aos EUA, a cooperativa embarcou 108 mil toneladas de café apenas no ano passado. Porém, desde o anúncio das novas taxas, nenhum novo pedido foi registrado, segundo Luís Fernando dos Reis, superintendente comercial da entidade.
“Os embarques continuam por conta dos contratos já firmados. Mas os clientes americanos pararam de comprar enquanto aguardam uma definição sobre a tarifa”, afirmou.
Café, carne e sucos lideram exportações aos EUA
Entre os produtos brasileiros mais vendidos aos Estados Unidos estão carne bovina, café e sucos de frutas. A nova tarifa pode representar uma perda significativa de mercado e não só para o setor cafeeiro.
O economista Sérgio Vale alerta que o cenário é de incerteza.
“Parte dessa produção pode ser absorvida internamente, o que tende a pressionar os preços para baixo. Mas parte será perdida, sem volta.”
Mercado interno pode ser saída com efeito nos preços
Com o escoamento externo comprometido, parte da produção pode ser redirecionada ao mercado doméstico. A consequência imediata, segundo analistas, seria uma possível queda nos preços de alimentos, como café e mel, beneficiando o consumidor brasileiro, mas pressionando a renda do produtor rural.
Mel brasileiro mira novos destinos
No Piauí, um dos maiores exportadores de mel do país já iniciou movimentações para evitar prejuízos. Samuel Araújo, CEO de um dos principais grupos do setor, afirma estar negociando com importadores da Alemanha, Canadá, China, Japão e Arábia Saudita.
Apesar do esforço, ele revela que os compradores estão usando a incerteza como tática de barganha.
“Sabendo da sobretaxa, os europeus seguram os pedidos esperando negociar com preços mais baixos. Isso nos coloca numa posição frágil”, disse Araújo.
Governo atua para abrir mercados alternativos
O governo federal também entrou em campo, tentando ampliar as exportações brasileiras para Ásia, Oriente Médio e Europa. A estratégia busca mitigar o impacto da tarifa americana, mas a urgência é grande, e o tempo joga contra os produtores nacionais.
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