
Professora abandona conferência após prefeito de Cuiabá vetar uso de pronome neutro
A professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Maria Inês da Silva Barbosa abandonou a Conferência Municipal do Sistema Único de Saúde (SUS), realizada em um hotel de Cuiabá, nesta quarta-feira (30), após o prefeito Abilio Brunini (PL) vetar o uso de pronome neutro (assista acima).
A discussão teve início após a professora dizer que “a saúde é para todos, todas e todes”, durante a palestra. Em seguida, Abilio perguntou se podia fazer um pedido à professora e começou o discurso.
“Aqui no nosso município, na nossa gestão, a gente não trabalha com pronome neutro, nem com doutrinação ideológica. Durante a minha gestão, não vou aceitar a manifestação de pronome neutro. Se a senhora não se sentir à vontade em fazer uma apresentação que discuta a saúde de Cuiabá sem doutrinação ideológica e sem manifestação de pronome neutro, eu vou suspender a apresentação”, afirmou.
Na sequência, a professora reforçou o posicionamento sobre saúde para todos e disse que não seria necessário o prefeito retirá-la porque ela mesma ia se retirar.
“Quando eu falo de equidade, eu tenho que falar de todos, todas e todes porque essas pessoas querem ser ouvidas. Não tennho como falar do acesso universal igualitário a todas as ações e serviços de saúde, sem me referir a todos, todas e todes. O senhor não vai precisar me retirar da sala porque eu me retiro”, finalizou.
O g1 tentou entrar em contato com a professora, mas não tinha conseguido até a última atualização desta reportagem.
Em nota, a Prefeitura de Cuiabá informou que não será permitido o uso de linguagem neutra em eventos e espaços institucionais patrocinados pelo Poder Executivo Municipal. A medida se baseia no compromisso com a preservação da norma culta da língua portuguesa e na neutralidade ideológica das ações públicas.
“O prefeito reforçou que todas as pessoas têm espaço garantido na gestão municipal, independentemente de raça, orientação sexual, religião ou posicionamento político. No entanto, destacou que manifestações ideológicas, de qualquer vertente, não devem interferir na condução técnica das políticas públicas nem na linguagem adotada nas ações oficiais do Executivo”, diz trecho da nota.
(À esq.) Maria Inês da Silva Barbosa e (à dir.) Abilio Brunini (PL)
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