Leia Também:
Bebida amada pelos brasileiros eleva risco de câncer, aponta estudo
Morango do amor apresenta alto risco para a saúde da boca; entenda
Idosos em risco: novo alerta sobre vírus respiratório no Brasil
A explicação está na resposta imunológica do corpo: ao detectar a presença de vírus, o organismo libera moléculas inflamatórias, como as interleucinas e os interferons, que ativam processos de defesa. Essas mesmas moléculas, no entanto, podem funcionar como um gatilho para a retomada do crescimento de células cancerígenas que haviam se espalhado para os pulmões ou outros tecidos, mas estavam inativas.Dormência tumoral: um inimigo invisívelA descoberta ajuda a explicar por que alguns casos de câncer de mama reaparecem de forma inesperada, mesmo anos após um tratamento considerado bem-sucedido. Células em dormência costumam ser mais resistentes à quimioterapia, que age principalmente sobre células em divisão. Por isso, mesmo após a eliminação visível do tumor, fragmentos malignos podem permanecer ocultos no corpo.“É como se o corpo oferecesse condições ideais para que essas células voltem a crescer, sem que percebamos”, pontua DeGregori.Esse fenômeno é conhecido como dormência tumoral. Ele representa um dos maiores desafios da oncologia moderna: tratar o câncer visível é possível, mas impedir que ele volte silenciosamente continua sendo uma fronteira a ser desbravada.Implicações para o futuroApesar dos experimentos terem sido realizados em modelos animais, os cientistas acreditam que os achados podem abrir caminhos para novas estratégias de prevenção da recidiva do câncer. Um dos focos é desenvolver terapias capazes de bloquear os sinais inflamatórios que ativam as células dormentes, ou, ainda, monitorar de forma mais intensiva pacientes que já tiveram câncer de mama, especialmente aqueles com risco aumentado de metástase pulmonar.A pesquisa também lança uma hipótese promissora: vacinas contra vírus respiratórios, como gripe e Covid-19, poderiam ter um papel indireto na prevenção da reativação tumoral, ao reduzir os gatilhos inflamatórios que favorecem o retorno da doença. Ainda não há evidência suficiente para alterações clínicas imediatas, mas o estudo reforça a importância de investir em imunização e vigilância contínua.Câncer de mama: sinais de alertaA nova descoberta traz à tona a importância do acompanhamento rigoroso mesmo após o fim do tratamento. Conhecer os sintomas e manter uma rotina de cuidados pode ser essencial para detectar possíveis recidivas com antecedência.Os principais sinais de alerta do câncer de mama incluem:Nódulo indolor, duro e irregular nas mamasRetração ou edema da pele com aspecto de “casca de laranja”Inversão do mamiloDor persistenteDescamação ou ulceração do mamiloSecreção rosada ou sanguinolentaLinfonodos palpáveis na axilaA atenção contínua a esses sintomas, associada a exames regulares e hábitos saudáveis, pode aumentar significativamente as chances de diagnóstico precoce.Mais do que um alerta, o estudo reforça a urgência em compreender profundamente o funcionamento da dormência tumoral e investir em estratégias que vão além do combate ao tumor primário. Afinal, em muitos casos, o que desafia a medicina não é apenas curar o câncer, é impedir que ele volte.