Galeria no Rio Vermelho exibe exposições de baianos até setembro

Vigília e Bens Móveis, duas exposições, uma única galeria. A primeira é do artista plástico macajubense Henrique Reis, a segunda, do arquiteto soteropolitano Pedro Alban. Ambas estão em cartaz, simultaneamente, na RV Cultura e Arte, no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. Com curadoria da própria galeria, as mostras podem ser visitadas até 13 de setembro deste ano.Em Vigília, Henrique investiga a sexualidade masculina queer em espaços públicos, por meio de pinturas em tela e couro, explorando o uso dos contrastes entre luz e sombra, figura e fundo, levando o espectador a lidar com o limite entre fato e delírio. Com algumas imagens consideradas impróprias para menores, a mostra tem classificação indicativa de 18 anos.A exposição marca o recorte de uma pesquisa em que o artista explora o ambiente noturno de matas, parques e espaços rurais. “Ele é apresentado como um espaço que cultiva encontros e práticas homoafetivas. Logo, ela propõe pensar a noite, o breu, como possibilidade para sexualidades dissidentes”, detalha Reis.

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Para o curador e crítico de arte Guilherme Moraes, Reis costura, com sua pintura, experiências vívidas e sonhadas por aqueles desejos represados à luz do dia e que forjam o prazer em encontros tensos, marginais e possíveis quando embrenhados na noite.Henrique informa que o nome da mostra vem da relação de antítese em que estar acordado é estar vinculado a um espaço onírico. “As imagens apresentadas podem ser interpretadas como sonho, delírio, ficção. Habitar esse espaço é estar acordado, em vigília, e disponível a interpretar as formas que plantas, bichos e seres podem vir a tomar quando banhadas pelo breu”.O público vai se deparar com sete trabalhos de pintura acrílica sobre tela. “A exceção é Montaria, pintura sobre couro bovino com aplicações de ilhós, mosquetões e pingentes. Tudo foi feito para a exposição, exceto o Pau de Resposta. Ele serve como prólogo, vinculando à produção de anos anteriores e propondo entrar no universo que ela inaugura”, explana o artista.Para Henrique, seu trabalho quer poetizar a expressão sexual de certos grupos que vivem sob regimes estritos de sociabilidade. “Nesse momento, me sinto mais confortável em versar sobre um imaginário que compreende a minha experiência. Incursões sobre outras expressões de gênero e sexualidade implicam outras pesquisas imagéticas com atenção às complexidades de cada prática”.Restos do restoJá em Bens Móveis, Pedro Alban apresenta uma instalação, além de trabalhos em pintura, aplicados principalmente sobre fragmentos de madeira de demolição. A exposição fala sobre a tentativa de resgatar objetos abandonados que, em algum momento, tiveram uma relação afetiva com alguém.Pedro acha difícil conferir à exposição um único objetivo. “Se houvesse um propósito seria colocar as pessoas em contato com uma experiência de vertigem, que é essa experiência de ter noção da quantidade de coisas que a cidade está descartando. Eu acho que fala um pouco sobre isso, mas é uma exposição que fala sobre outras coisas também”.Na mostra, o público vai encontrar dez pinturas inéditas feitas a partir de restos ou refugos do processo de confecção de móveis ou de trabalhos da Arquivo – empresa especializada na recuperação e reutilização de materiais de construção –, uma instalação composta por uma mapoteca e um retroprojetor encontrado em um imóvel desativado.“De alguma maneira, são pinturas sobre o que eu chamo de restos do resto, que são restos de processos vindos de madeira de demolição. E uma instalação que lida com todo esse lixo visual, que é uma infinidade de imagens que a Arquivo vem retirando, ao longo dos últimos anos, em imóveis da cidade que já não existem”, explica Pedro.

Pedro Alban

|  Foto: Divulgação

Uriel Bezerra, pesquisador e curador, responsável pela coordenação de artes visuais da Fundação Cultural do Estado da Bahia – Funceb, comunica que em seu processo de produção, Pedro registrou objetos em construções soteropolitanas dos anos 1970. São cenários que constituem um circuito decadente de consumo, lazer e moradia da pequena burguesia baiana.Vigília e Bens Móveis / até 13 setembro / RV Cultura e Arte (Rio Vermelho) / visitação: segunda a sexta, das 10h às 18h, e sábado das 10h às 14h

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