Vicente do Rego Monteiro ganha mostra no Rio com curadoria de Paulo Bruscky

Vicente do Rego Monteiro - Bicho - 1925 - óleo sobre tela - 52x44 cm

Obra multifacetada entre dois continentes

A trajetória de Vicente do Rego Monteiro — artista entre tempos, linguagens e geografias — ganha nova leitura sob curadoria do também artista Paulo Bruscky. Após passagem por São Paulo, a exposição chega agora ao Rio de Janeiro, trazendo um núcleo documental inédito. Pela primeira vez, o público brasileiro poderá mergulhar na dimensão visual e poética de um modernista muitas vezes fora dos centros hegemônicos de consagração.

Vicente do Rego Monteiro - Moderna Degolação de São João Batista - Óleo sobre madeira – 59 x 49,9 cm - Imagem cedida pelo MAMAM - Recife
Vicente do Rego Monteiro – Moderna Degolação de São João Batista – Óleo sobre madeira – 59 x 49,9 cm – Imagem cedida pelo MAMAM – Recife

Modernismo entre o arcaico e o experimental

Com mais de 100 itens, a mostra “Vicentes – Monteiro: Entre Recife e Paris (1899–1970)” apresenta pinturas, esculturas, manuscritos, caligramas, livros, cartas, fotografias e cartazes. O conjunto revela um artista que transitava entre o gesto ancestral e a inovação gráfica, entre a cerâmica marajoara e o cubismo.

Vicente do Rego Monteiro - O Abraço - 1929 - Óleo sobre tela - 92,2 x 73,3 cm - Imagem cedida pelo MAMAM - Recife
Vicente do Rego Monteiro – O Abraço – 1929 – Óleo sobre tela – 92,2 x 73,3 cm – Imagem cedida pelo MAMAM – Recife

Destaques da exposição

Entre as obras em exibição, estão as pinturas Bicho (1925) e Moderna Degolação de São João Batista. Esta última foi gentilmente cedida pelo MAMAM – Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães. Além disso, o público poderá conhecer livros de artista criados antes mesmo da consolidação desse conceito, além de discos, baralhos e caligramas que antecipam a estética concretista.

Vicente do Rego Monteiro - Bicho - 1925 - óleo sobre tela - 52x44 cm.jpg
Vicente do Rego Monteiro – Moderna Degolação de São João Batista – Óleo sobre madeira – 59 x 49,9 cm – Imagem cedida pelo MAMAM – Recife

Um modernismo fora do eixo

Vicente do Rego Monteiro editava em Paris e imprimia em Recife. Por isso, sua obra não se encaixa no eixo Rio-São Paulo do modernismo tradicional. Em vez disso, construiu uma cartografia própria. Segundo Bruscky, “foi talvez o mais arcaico e, por isso mesmo, o mais moderno entre os modernistas”. Sua produção reflete a multiplicidade do Brasil, entre deslocamentos e reinvenções.

Catálogo e leituras críticas

A exposição conta ainda com o catálogo “Vicentes – Monteiro: Entre Recife e Paris (1899–1970)”, que amplia a experiência com textos críticos. Jorge Schwartz explora os vínculos entre o artista e o ideário antropofágico, enquanto Gênese Andrade investiga seus autorretratos e sua atuação nas artes visuais e na poesia.

Vicente do Rego Monteiro - sem título - s.d. - óleo sobre tela - 60x46 cm(1)
Vicente do Rego Monteiro – sem título – s.d. – óleo sobre tela – 60×46 cm(1)

Uma curadoria que conecta artistas e tempos

A iniciativa da Danielian Galeria promove o acesso a esse importante acervo e celebra uma figura essencial da arte brasileira. Curiosamente, é Paulo Bruscky — maior artista arquivista da arte correio na América Latina — quem organiza a exposição. Assim, o projeto se torna um encontro simbólico: um artista arquivando outro, em espiral.

Serviço
Exposição: “Vicentes – Monteiro: Entre Recife e Paris (1899–1970)”
Artista: Vicente do Rego Monteiro
Curadoria: Paulo Bruscky
Abertura: 7 de agosto, das 18h às 21h
Período: 8 de agosto a 11 de outubro de 2025
Visitação: Segunda a sexta, das 11h às 19h; sábados, das 11h às 17h
Local:  – Rua Major Rubens Vaz, 414, Gávea – Rio de Janeiro

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