Fé ou tradição? Saiba por que as pessoas vestem branco às sextas-feiras

Você já se perguntou por que tanta gente usa branco às sextas-feiras na Bahia? Moda ou fé? Para descobrir, o A TARDE Play foi às ruas de Salvador, mais precisamente ao Largo da Igreja do Senhor do Bonfim, e conversou com pessoas que mantêm essa tradição.Uma herança de família e de féAna Maria, de 69 anos, veste branco toda sexta-feira e conta que o hábito é uma herança familiar.

Ana Maria fala sobre hábito que vem de herança familiar

|  Foto: Ag. A TARDE

“Esse [costume] já vem de um tempo, porque meus avós sempre usaram, e o pessoal, candomblecista, do axé, toda sexta-feira, por ser dia de Oxalá. Eu me sinto bem em usar toda sexta-feira; me sinto bem, leve… é uma harmonia”, disse.O bem-estarEntre fé e tradição, Rodrigo Sena, de 33 anos, também revelou o motivo de adotar o branco nas sextas.

Rodrigo Sena comentou sobre a vestimenta

|  Foto: Ag. A TARDE

“Eu gosto muito de branco, é uma cor que me faz sentir bem, e o branco na sexta-feira acho que tem muito a ver com essa coisa que, pra gente, de maneira geral, é quase uma necessidade. Sou devoto do Senhor do Bonfim, mas também vejo que tudo que gira em torno dessa magia da sexta-feira, a partir dela, está em se vestir de branco”, contou.O branco como extensão da almaA tradição, porém, vai além do hábito ou da devoção religiosa. Para alguns, o branco se tornou uma extensão da alma. É o caso de Clarindo Silva, de 83 anos, figura marcante do Pelourinho.”É a renovação da fé. O branco é paz, alegria, harmonia; é o chamamento para que as pessoas façam uma profunda reflexão. Chego à conclusão de que ninguém consegue ser feliz sem pensar na felicidade dos outros, e o branco é essa mensagem, quase que diuturnamente, onde quer que eu esteja”, afirmou.Uma tradição que vem da Mãe ÁfricaPara entender a origem dessa prática, o antropólogo e professor de filosofia Rosival Carvalho, de 62 anos, explica que a tradição vem de séculos atrás.

Rosival Carvalho explica tradição

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“Essa é uma tradição secular dos séculos XVIII e XIX, especificamente quando os homens negros livres colocavam em evidência uma louvação ao sagrado. No caso, a sacralidade vem de Oxalá que, no candomblé, tem sua vestimenta na cor branca. E quando você pensa na sexta-feira como o dia de vestir branco, a ideia do sagrado aparece de forma latente. Todo esse processo tem início exatamente com a mãe África e, aqui em Salvador, a Roma Negra, é mantido”, declarou.Assista ao vídeo:

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