O mercado de fundos imobiliários (FIIs) registrou uma queda média de 2,26% entre 4 de julho e 4 de agosto de 2025, de acordo com o índice IFIX, que reúne os principais FIIs da Bolsa brasileira. Apesar da rentabilidade acumulada no ano ainda positiva em 9,6%, o recuo recente levantou dúvidas entre investidores: é hora de vender, manter ou comprar mais?
Especialistas, como o analista Mateus Lima, fundador da TIS e consultor em renda passiva, explicam que a queda não representa motivo de pânico. “Trata-se de uma correção natural, agravada pela taxa Selic em patamar elevado e pelo clima de instabilidade política”, afirma.
Selic em 15% pressiona os FIIs
Um dos principais fatores que explicam o movimento é a taxa básica de juros. A Selic está em 15% ao ano, o que aumenta a atratividade da renda fixa e desloca recursos da renda variável, incluindo os fundos imobiliários.
“A manada está indo para a renda fixa. O investidor precisa ter clareza sobre o que controla e manter o foco no longo prazo”, orienta Mateus Lima.
Outro impacto direto da Selic alta é o aumento nas taxas do Tesouro Direto. Títulos IPCA+ estão sendo negociados com retorno real acima de 7,8%, o que pressiona ainda mais os ativos de risco.
Cenário político e juros futuros elevam a volatilidade
O clima político no Brasil também contribui para a instabilidade. Discussões acaloradas entre os poderes, tensão com os Estados Unidos e incertezas fiscais pressionam os juros futuros, o que desvaloriza cotas de fundos imobiliários, sobretudo os de tijolo, mais sensíveis ao cenário macroeconômico.
Além disso, há casos específicos que também derrubam cotas individualmente. O IRDM11, por exemplo, sofreu queda de mais de 11% após descontentamento do mercado com sua fusão com o IRIM.
Histórico mostra que volatilidade é natural no setor
Apesar do momento de baixa, o IFIX acumula valorização de 243% desde sua criação em 2010. Os gráficos revelam que o mercado passou por diversas crises — impeachment, pandemia, greves e inflação — e sempre se recuperou no longo prazo.
Ano | Rentabilidade IFIX (%) |
---|---|
2021 | 8,3 |
2022 | 5,7 |
2023 | 9,1 |
2024 | 11,6 |
2025 (até agosto) | 9,6 |
A orientação dos especialistas é clara: não se desespere e evite tomar decisões no calor do momento. O momento atual pode ser visto como uma janela para comprar cotas com desconto e elevar a renda passiva futura.
“Fundos como o XPML11 e o LVBI11 estão sendo negociados abaixo do valor patrimonial, com dividend yields acima de 10%. São oportunidades que podem não voltar tão cedo”, diz Lima.
Além disso, uma diversificação entre fundos de papel (atrelados ao CDI ou IPCA) e de tijolo pode ajudar a equilibrar o portfólio diante da volatilidade.
O post Fundos imobiliários caem 2,26% em julho: risco ou oportunidade? apareceu primeiro em O Petróleo.