As ações do Banco do Brasil (BBAS3) acumulam queda superior a 30% em 2025, com destaque para o dia 1º de agosto, quando os papéis despencaram 6,15% em apenas uma sessão. A derrocada está ligada à deterioração dos resultados financeiros, aumento das provisões, mudanças regulatórias e crescente pessimismo de analistas.
Com o recuo recente, os papéis caíram abaixo de R$ 19, gerando dúvidas nos investidores: seria o momento de vender ou uma oportunidade de comprar ações descontadas de uma empresa centenária e lucrativa?
Queda nas ações: os principais motivos
Inadimplência no agronegócio e provisões bilionárias
A escalada da inadimplência no setor agropecuário — que atingiu 3% — gerou um aumento de 64% nas provisões do Banco do Brasil no 1T25. Esse impacto foi agravado pela Resolução 4.966 do Banco Central, em vigor desde janeiro de 2025, que obriga os bancos a provisionar perdas esperadas, e não apenas as ocorridas. No caso do BB, a medida consumiu quase R$ 1 bilhão do lucro no primeiro trimestre.
Revisões de guidance e cortes de preço-alvo
O próprio Banco do Brasil colocou todo o seu guidance de 2025 “em revisão”, aumentando a incerteza do mercado. Corretoras como Goldman Sachs reduziram o preço-alvo de R$ 29 para R$ 23, alertando que o pior ainda pode estar por vir. A XP Investimentos foi além: cortou as projeções de lucro em 29% e rebaixou a recomendação para “neutro”.
Lucro mensal decepciona
O dado mais recente que azedou o humor dos investidores foi o lucro operacional de maio, que ficou em apenas R$ 16 milhões. Caso o ritmo se mantivesse, o lucro do 2T25 ficaria na casa dos R$ 3,5 bilhões — bem abaixo das projeções anteriores.
Expectativas para dividendos: o que ainda vale?
Apesar das quedas, o dividend yield dos últimos 12 meses gira em torno de 13%, fruto do bom desempenho de 2024, quando o banco lucrou mais de R$ 37 bilhões. No entanto, essa taxa deve cair. Se o lucro no 2T25 for de R$ 5 bilhões e o payout ficar entre 30% e 40%, a distribuição poderá ficar em torno de R$ 1,1 bilhão no trimestre — cerca de R$ 0,39 por ação.
Indicador | Valor estimado (2025) |
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Queda acumulada da ação no ano | -30% |
Lucro 2T25 (estimado) | R$ 5 bilhões |
Payout esperado | 30% a 40% |
Dividendos estimados 2T25 | ~R$ 1,1 bilhão |
Dividend yield dos últimos 12 meses | 13% |
Mesmo com quedas expressivas, o histórico do Banco do Brasil ainda impressiona:
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211% de retorno em 10 anos;
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65% de valorização nos últimos 5 anos (mesmo após a queda atual);
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Lucros consistentes mesmo em cenários adversos, como em 2020 (Covid-19) e 2023 (juros altos).
Contudo, períodos longos de estagnação ou perdas não são inéditos. Entre 2007 e 2017, por exemplo, a ação ficou praticamente no zero a zero, mesmo com distribuição de dividendos.
Vale a pena investir no Banco do Brasil agora?
A resposta depende da estratégia de cada investidor. Se o foco for dividendos, o Banco do Brasil ainda aparece bem posicionado em rankings quantitativos — como na estratégia “Máquina de Dividendos”, onde a ação figura na terceira posição do mês de agosto.
Por outro lado, o cenário macro e setorial inspira cautela:
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A crise no agro pode se estender para o crédito corporativo, como alertado pelo banco Safra.
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O guidance indefinido e a redução nas expectativas de lucro tornam difícil prever com exatidão a sustentabilidade dos dividendos.
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