
Câmara Municipal de Divinópolis
Câmara Municipal de Divinópolis/Divulgação
A Câmara de Divinópolis aprovou um projeto que autoriza o uso da Bíblia como material paradidático, ou seja, um material complementar de ensino, nas escolas públicas e particulares da cidade.
O projeto, de autoria do vereador Matheus Dias (Avante), foi aprovado na terça-feira (5) com 12 votos favoráveis.
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“Do ponto de vista histórico e cultural, a Bíblia influenciou profundamente a arte, a literatura, a filosofia, o direito e diversos aspectos da civilização ocidental, sendo a sua leitura indispensável para compreendermos o mundo em que vivemos”, explicou o vereador Matheus Dias.
Segundo o projeto, o objetivo é que a Bíblia seja usada para disseminação cultural, histórica, geográfica e arqueológica de seu conteúdo. A proposta defende ainda que “a Bíblia é, além de um livro cristão, um livro histórico com descrições precisas de um tempo longínquo.”
📝O projeto define que:
As histórias bíblicas devem auxiliar projetos escolares nas áreas de história, literatura, ensino religioso, artes e filosofia, além de outras atividades pedagógicas complementares;
Nenhum aluno poderá ser obrigado a participar das atividades relacionadas à Lei, garantindo a liberdade religiosa conforme a Constituição Federal;
Caberá ao Poder Executivo definir critérios e estratégias para viabilizar o uso da Bíblia;
Bíblia
Priscilla Du Preez via unsplash
Emenda modificativa negada
A vereadora Kell Silva (PV) propôs uma emenda para incluir livros de outras religiões como material paradidático, além da Bíblia Sagrada. A proposta foi rejeitada.
“Utilizei meus conhecimentos enquanto historiadora, como mestra e doutora na área de História Social da Cultura para abranger esse projeto. Visto que a Bíblia já é um material paradidático utilizado por nós professores, principalmente quando lidamos com matérias que estão relacionadas ao Império Romano, o surgimento do Cristianismo. Então ela já é base para a gente utilizar alguns textos”, explica a vereadora.
A emenda propunha incluir textos como a Torá (judaísmo), o Livro dos Espíritos, o Livro de Mórmon, os Tripitaka (budismo), além de cantos e rezas de religiões de matriz africana e de povos originários, dentre outros. Kell defende que era importante ampliar o projeto para combater principalmente o crime de intolerância religiosa.
“Como professora, educadora, mestre e doutora, acredito que a escola é um espaço de desconstrução e construção de uma consciência social abrangente. Quanto mais conhecimento, menos ignorância e mais abertura ao diálogo. Lamentavelmente essa postura não foi demonstrada pelos meus colegas vereadores”, completou a vereadora, que votou contra o projeto de lei.
O vereador Rodyson do Zé Milton (PV) afirmou que Divinópolis, com mais de 235 mil habitantes, enfrenta problemas crônicos na saúde, educação e infraestrutura, que exigem ações mais responsáveis e propositivas. Mesmo criticando o projeto, o vereador votou a favor.
“Sou católico, mas eu não posso levar o meu catolicismo para o plenário. Nós precisamos enfrentar problemas estruturais da cidade, não levar para o plenário discussões de cunho pessoal. Nós temos que ter responsabilidade com a população, e mais que tudo, nós temos que ter respeito às outras pessoas que não são cristãs.”
O projeto aprovado na Câmara segue para sanção do prefeito Gleidson Azevedo (Novo).
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