
World: conheça projeto que paga criptomoedas por registro de íris
O projeto World segue proibido de remunerar brasileiros pelo escaneamento de íris. A decisão foi reafirmada nesta quarta-feira (6) pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e publicada no Diário Oficial da União.
Na decisão, a ANPD, que é um órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, afirma que a Tools for Humanity (responsável pelo projeto World) apresentou “insuficiência de elementos que indiquem que os riscos identificados pela medida preventiva foram mitigados ou eliminados”.
Em nota, a Tools for Humanity disse que discorda da interpretação da ANPD e que pretende buscar medidas legais adicionais.
Segundo a empresa, a “tecnologia continuará disponível para os brasileiros em locais selecionados e de forma limitada” (leia a nota na íntegra ao final da reportagem).
A World está proibido de pagar brasileiros pela biometria desde fevereiro de 2025, quando a Autoridade entendeu que a compensação financeira oferecida pela World “configura uma interferência indevida na livre manifestação de vontade dos titulares de dados”.
Desde então, a World decidiu suspender voluntariamente novos registros de íris de brasileiros e afirmou que manteria suas lojas abertas apenas para esclarecer dúvidas da população.
O g1 questionou a empresa se essas estratégias ainda estão em vigor e aguarda retorno.
World começou a operar oficialmente em 2024
Ponto de atendimento da World na Vila Mascote, Zona Sul de São Paulo, em foto de 27 de janeiro de 2025
Darlan Helder/g1
A iniciativa está oficialmente em operação no Brasil desde novembro de 2024. Entre janeiro e fevereiro de 2025, o g1 visitou várias lojas da World em São Paulo e observou que muitas estavam vazias, cenário diferente do período anterior, marcado por longas filas de pessoas em busca do dinheiro oferecido, segundo relatos ao g1.
Lojistas próximos dessas unidades e funcionários do projeto relataram uma queda considerável no movimento após dezembro de 2024.
A queda, naquele momento, pode estar associada a um receio das pessoas após notícias sobre as polêmicas em torno do projeto, disse uma funcionária ao g1.
Além disso, acredita-se que o movimento tenha sido maior em novembro e dezembro de 2024, pois muitas pessoas precisavam de dinheiro para o fim do ano, segundo outra pessoa que trabalha em uma dessas lojas.
O que é a World
Câmera Orb, que captura a íris dos olhos.
Fábio Tito/g1
Tanto a World quanto a Tools for Humanity foram fundadas por Alex Blania, CEO das duas entidades, e Sam Altman, CEO da OpenAI (dona do ChatGPT).
A World Foundation levantou US$ 115 milhões (R$ 680 milhões na cotação atual) em sua rodada de investimento em maio de 2023.
O projeto conta ainda com operadores “operadores parceiros” responsáveis pelos locais de verificação e pagos pela World Foundation para atender os usuários. Hoje, são 55 pontos em São Paulo, número que vinha subindo rapidamente desde novembro, quando eram 10 unidades.
O que diz a World
“A World respeitosamente discorda da interpretação da ANPD e pretende buscar medidas legais adicionais para esclarecer a questão.
Programas de indicação são uma prática comum no Brasil e amplamente usados em setores aéreo, financeiro, telecomunicações e de pagamentos — inclusive por instituições públicas. Acreditamos que a implementação de um programa de indicação atende à decisão técnica preliminar da Autoridade e cumpre com os requisitos da LGPD.
A World continuará trabalhando junto à ANPD e seguirá o processo legal conforme estabelecido, enquanto permanece comprometida em expandir o acesso à tecnologia de prova de humanidade no Brasil. Essa importante tecnologia continuará disponível para os brasileiros em locais selecionados, de forma limitada.”