Mais de 100 mil pacientes do SUS têm cadastro desatualizado e podem perder atendimento no RJ


Mais de 100 mil pacientes do SUS têm cadastro desatualizado e podem perder atendimento no RJ
Uma fila invisível, com nomes e números de cadastro, representa a espera de milhares de pessoas por consultas, exames ou cirurgias pelo SUS no Rio de Janeiro. Atualmente, mais de 102 mil pacientes com pedidos ativos no Sistema Estadual de Regulação (SER) estão com dados desatualizados, o que dificulta o contato e compromete o atendimento.
Para tentar resolver o problema, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro lançou uma campanha de recadastramento, pedindo que os pacientes atualizem suas informações na unidade de saúde onde fizeram a solicitação — geralmente a clínica da família ou o posto de saúde mais próximo da residência.
“Quem tem a obrigação de avisar o paciente é a unidade que fez o cadastro, mas muitos trocam de telefone ou endereço e não atualizam. Isso dificulta o contato e a fila não anda”, explica Kitty Crawford, superintendente do Complexo Estadual de Regulação.
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Apenas em 2025, 345 mil pacientes tiveram consultas e procedimentos agendados pela Central de Regulação. Mais de um terço (36%) não compareceu no dia e horário marcados — número que preocupa a pasta.
A Secretaria calcula que entre as 256 mil pessoas atualmente na fila, cerca de 102 mil estão com telefone ou endereço incorretos no sistema.
Para reduzir perdas, a orientação é que o paciente peça ao atendente da unidade de saúde que acesse o CadSUS, o sistema de cadastro, e confirme se os dados estão corretos. Há a opção de incluir até dois contatos adicionais, como o de um familiar ou vizinho.
Além disso, foi lançada a assistente virtual “Serena”, que ajuda os usuários a localizarem sua posição na fila por meio do site da Secretaria Estadual de Saúde.
A dona de casa Lizilane Freire, de 44 anos, perdeu a mãe em março deste ano, aos 73 anos, enquanto aguardava atendimento oncológico na rede estadual.
“Minha mãe era muito cuidadosa com a saúde. Estava na fila do SER desde o começo do ano, com indicação para o Inca e os Servidores. Mas morreu sem conseguir passar pelo especialista”, conta, emocionada.
Especialistas alertam que a atualização dos dados é um passo importante, mas não pode ser a única ação. A médica sanitarista e doutora em Saúde Pública Lígia Bahia destaca que é preciso ir além:
“Essas pessoas não atualizaram os dados, mas por quê? Já foram atendidas? Desistiram? É necessário investigar isso junto com o recadastramento. E, principalmente, transformar essa campanha em um projeto permanente, não só uma ação pontual em ano pré-eleitoral.”
A Secretaria afirma que conta com o apoio das equipes municipais e dos profissionais das unidades de saúde para manter os cadastros atualizados e evitar desperdício de vagas.
Assistente virtual Serena ajuda pacientes a verem sua posição na fila do SUS
Reprodução/TV Globo
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