O Canadá iniciou o regime tarifário de 35% sobre produtos exportados para os Estados Unidos, medida imposta pelo presidente Donald Trump que ampliou as tensões comerciais bilaterais. A taxa, que inicialmente seria de 25%, foi elevada unilateralmente, levando o primeiro-ministro canadense, Mark Carner, a declarar publicamente sua decepção com a política norte-americana.
Antes mesmo da entrada em vigor, 71% dos consumidores canadenses já manifestavam intenção de reduzir a compra de itens importados dos EUA, segundo pesquisa citada pela CNBC. A estimativa é que o boicote e o declínio do turismo possam retirar até 0,3% do PIB canadense — o equivalente a US$ 90 bilhões em 2025.
Supermercados adaptam prateleiras ao novo cenário
Giancarlo Trimar, proprietário da rede Vince’s Market, relatou mudanças rápidas no comportamento do consumidor. Em períodos fora da safra, cerca de 70% dos hortifrutis vinham dos EUA; agora, essa participação caiu para aproximadamente 30%.
Produtos nacionais recebem destaque com bandeiras e rótulos, e aplicativos ajudam clientes a identificar a origem das mercadorias. Entretanto, frutas como berries, cítricos e variedades específicas de pera ainda são insubstituíveis, mantendo alguma presença americana nas prateleiras.
Bebidas e vinhos americanos desaparecem
As bebidas alcoólicas foram das mais afetadas. Em março, o Canadá impôs tarifa de 25% sobre vinhos, cervejas e destilados dos EUA. No caso de vinhos californianos, as vendas, que representavam até 40% do segmento, praticamente zeraram. Importadores estão substituindo a oferta por rótulos da França, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
Impacto no turismo e na economia
Além do comércio, o turismo dos canadenses para os EUA — que movimentou US$ 20 bilhões em 2024 — também desacelera. As buscas por viagens caíram 50% na primavera, com redução de 30% no tráfego rodoviário e 15% no aéreo. A estimativa é que os EUA percam US$ 12,5 bilhões em gastos de turistas estrangeiros neste ano.
Na Europa, 44% dos consumidores também afirmam evitar produtos americanos, influenciados por tensões diplomáticas e comerciais. A Tesla, por exemplo, viu as vendas na região caírem 28% em maio.
Economistas projetam que a guerra comercial pode reduzir em até 0,5 ponto percentual o crescimento global, considerando que o PIB mundial cresce em média 3,5% a 4% ao ano. Fabricantes americanos já repassam preços mais altos para compensar a queda nas exportações.
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