VÍDEO: Casa de Candomblé em Esmeraldas, na Grande BH, é alvo de ataque

Uma casa tradicional de Candomblé, religião de matriz africana, no bairro Melo Viana, em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, denunciou um ataque motivado por intolerância religiosa na madrugada deste sábado (9).

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Em entrevista ao BHAZ, a mãe de santo da Aldeia Encantada de Mawanju, M’ameto Sytambalejy, contou que o assentamento de Nkisi – espaço sagrado destinado ao culto e cuidado de uma divindade, símbolo de energia e ancestralidade – foi destruído. Ainda segundo ela, o episódio a surpreendeu, já que a casa funciona no local há sete anos e, até então, nunca havia enfrentado problemas com a vizinhança.

“Nunca, em todo esse tempo que estou aqui, ocorreu algo assim. O meu candomblé, no barracão onde realizamos nossos cultos, é aberto, não tenho porta. Aqui, na verdade, só tem uma cerca e uma porteira. E ninguém nunca invadiu ou foi intolerante. Fazemos diversas celebrações e festas, e jamais chamaram a polícia. Não tenho problema com ninguém”, afirmou.

‘Amanheceu de luto’

Ainda segundo a mãe de santo, a suspeita é de que alguém tenha invadido o espaço durante a madrugada. Por volta das 23h30, ela levou um amigo até o portão da casa e notou que, naquele momento, tudo estava normal. No entanto, às 6h, quando um filho de santo saiu para trabalhar, percebeu que o Nkisi estava completamente destruído e a chamou. Como o local não tem câmeras de segurança, é difícil identificar quem teria cometido o ataque.

“Não levaram nada, mas quebraram o telhado que fazia parte de uma casinha, o borrão de barro, o oberó, e jogaram a ferramenta do santo no chão. Fizeram uma arruaça, e está tudo do mesmo jeito, porque ainda não tive forças para mexer”, explicou.

Veja vídeo:

M’ameto Sytambalejy afirmou encarar o episódio com profunda tristeza, considerando inadmissível sofrer atos de intolerância devido a sua fé.“Pode bater na porta de qualquer vizinho aqui, pois ninguém tem o que reclamar de mim. Tenho consciência: não faço celebrações no início ou no meio da semana, porque sei que haverá barulho e as pessoas estarão dormindo para trabalhar no dia seguinte. Festas grandes sempre deixo para sábado ou domingo, durante o dia. Eu dou respeito para ser respeitada”, explicou.

Ela ainda reforçou que a liberdade religiosa é um direito. “Cada um cultua e louva do jeito que quiser, do jeito que o coração mandar. O dia, literalmente, amanheceu de luto para mim, pelo que fizeram com o meu sagrado. Eu só quero que isso acabe”, finalizou.

A Polícia Militar (PMMG) esteve no local, onde foi registrado o Boletim de Ocorrências (BO). Em nota, a Polícia Civil (PCMG) informou que apura as circunstâncias da denúncia de intolerância religiosa e, até o momento, ninguém foi conduzido.

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