Leia Também:
Dia dos Pais em Salvador: 8 ideias de passeios e restaurantes para celebrar
Fuja do óbvio: 7 ideias de presentes criativos para o Dia dos Pais
Quando é o Dia dos Pais? Entenda por que a data muda todos os anos
“O nascimento de Mei já veio de cara com o adoecimento de minha esposa, não se tem uma interpretação muito clara, foram muitos médicos que acompanharam a Lude, assim exaustivamente. […] No meio do ano passado, dali em diante, eu fiquei com essa missão, de cuidar das duas”, conta.Educação pelo diálogo e dedicação de tempo
As duas filhas de Giovani são de mães diferentes
| Foto: Arquivo Pessoal
A forma como Giovani educa suas filhas é marcada pelo diálogo e pela confiança, buscando construir um espaço onde elas possam crescer com autonomia e segurança. “Eu acho que eu sempre pensei uma forma de educação desde que fui colocado nesse trabalho de pai. Sempre pensei a educação de uma forma muito construída por muita conversa, muito convencimento, muito mais do que o pai necessariamente ter todas as razões ou coisa do tipo. […] Isso ajuda a criar laços de confiança”, explica.Além da dedicação, o pai solo enfrenta os desafios cotidianos da presença e do tempo. A qualidade, para ele, está no momento de atenção e no vínculo que cria, mesmo em meio ao cansaço e às dificuldades emocionais. “Acho que não só minha, acho que essa é uma dificuldade de todo pai, toda mãe, trabalhador, se fazer presente na vida de seus filhos. […] A solução acaba sendo menos sobre quantidade e mais sobre qualidade. Se eu tiver um dia muito corrido, mais vale eu ter ali uma meia hora onde a gente conversa, tem um momento ali pra dar risada, às vezes pra assistir alguma coisa ou pra jogar algum jogo juntos”, conta.Criar meninas no BrasilEm sua rotina, Giovani também traz à filha mais velha reflexões sobre a realidade social e os perigos da cidade, com um olhar que mistura proteção e direcionamento.“Criar crianças é particularmente difícil, criar meninas eu acho que é ainda mais desafiador num país com uma realidade de muita violência de gênero. […] Eu tento trabalhar isso muito principalmente com minha filha mais velha, o que é assédio, o que é uma violência sexual”, ressalta.
Giovani Damico é ex-candidato a prefeito de Salvador
| Foto: Arquivo Pessoal
Giovani defende que o diálogo com os filhos seja frequente e progressivo, e não uma conversa única com grande pressão. “Na minha experiência eu fui percebendo que uma certa dose homeopática, mas associada com a frequência, acabou servindo melhor do que achar que um dia vai ter uma grande conversa dramática”, diz.Apesar das dores, ele busca a esperança e a resistência: ensinar as suas filhas a brincar na rua e a encarar o mundo com coragem, sem deixar os cuidados de lado. “Eu gosto de trazer essa ideia para a minha vida de que a gente também precisa resistir um pouco a certos processos que estão colocados de ninguém sair na rua. Se eu passo a ensinar isso para minhas filhas, a gente legitima uma realidade que a gente não quer. […] Eu não acho que pode ser nenhum movimento de tapar o sal com a peneira, de fantasiar que a realidade social que está colocada não existe, mas é um esforço de também não se render a essa realidade”, comenta.O professor reforça ainda a importância de estimular nas crianças a confiança em referências além dos pais, ampliando a rede de apoio e troca.“Eu percebo que às vezes a minha filha tem essa necessidade […] Para acessar também diferentes perspectivas, isso também vai criando a visão de mundo da criança. Ter o olhar de confiança nos pais é muito importante, mas é ter também algumas outras figuras de referência a quem elas possam também recorrer”, pontua.Preconceitos na paternidade
Giovani e a filha mais velha Lúthien
| Foto: Arquivo Pessoal
Sobre o papel do pai solo na criação, Giovani relata os desafios e os preconceitos que ainda enfrentam pais à frente do cuidado com os filhos.“Muitas coisas foram se ajeitando com o tempo, mas eu tive momentos de sentir que uma certa resistência, a ideia de que o pai também pode fazer certas coisas, que o pai também tem certas responsabilidades, e que ele também não nasce sabendo. […] Muitas vezes eu percebi olhares um pouco como se eu não soubesse o que eu estava fazendo. Várias vezes eu fui confrontado, em clínicas, em espaços públicos. Isso acontece para as mães também, especialmente para as mães mais novas”, relata.Para o professor, a maior presença dos pais tende a naturalizar essa participação e diminuir preconceitos. “Acredito que a partir do momento em que a gente começa a demandar que mais pais estejam presentes e que a gente deixe de estranhar e de achar que é uma coisa fora da curva, esse tipo de preconceito tende também a se diluir”, conclui.