Disputa entre deliveries: 99Food volta a operar em capital brasileira

A plataforma de entrega 99Food retornou para mais uma cidade do Brasil após ficar quatro anos fora. Dessa vez, a cidade contempleda foi a capital paulista, São Paulo, que passa a contar com a o delivery a partir desta terça-feira, 12.Para consolidar a nova fase da operação, a empresa destinará R$ 500 milhões à cidade de São Paulo e à região metropolitana.Atualmente, o aplicativo já conta com 20 mil estabelecimentos cadastrados e 50 mil entregadores registrados. De acordo com Simeng Wang, diretor-geral da 99, a proposta é ampliar a competitividade no mercado de delivery ainda sem uma meta definida de participação.A 99Food atuou por quatro anos no Brasil, até encerrar suas atividades no início de 2023, devido à forte concorrência, principalmente do iFood, líder do setor.No entanto, em abril, a empresa anunciou seu retorno ao país com um investimento total de R$ 1 bilhão. A primeira cidade da retomada foi Goiânia, onde foram feitas 1 milhão de entregas em apenas 45 dias.Segundo Wang, a empresa identificou uma demanda reprimida por novas alternativas de aplicativos de entrega. “Os restaurantes enfrentam comissões elevadas que comprometem os lucros, enquanto os consumidores se queixam dos altos preços. Acreditamos no crescimento do setor”, afirmou.Novo modelo de operação e benefíciosComo estratégia inicial, a 99Food implementou um modelo que isenta os restaurantes de comissões por um período de 12 meses.A isenção inclui tanto as taxas sobre os pedidos quanto eventuais mensalidades, permitindo que os valores cobrados no aplicativo sejam os mesmos do consumo presencial.Para atrair os consumidores, a plataforma oferece:Preços iguais aos dos cardápios dos restaurantes;Cupons de até R$ 99 para novos usuários (divididos em cinco descontos);Frete grátis nos primeiros pedidos;Promoções exclusivas no primeiro uso.Já os entregadores terão incentivos diferenciados, como:R$ 400 por dia para quem realizar 15 entregas diárias de comida durante o primeiro mês em São Paulo;R$ 250 por dia para 20 entregas, desde que ao menos cinco sejam de refeições, como parte de um novo modelo de remuneração, ainda sem prazo para encerrar.Bruno Rossini, diretor sênior de Comunicação da 99, explica que essa isenção de custos para restaurantes acaba gerando economia para o consumidor, já que reduz o valor final dos pedidos.

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Panorama do mercado de deliveryA decisão da 99Food foi embasada em uma pesquisa exclusiva feita em parceria com o Instituto Locomotiva e a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). A pesquisa aponta que cerca de 70 milhões de brasileiros têm apps de entrega instalados em seus celulares.Outros dados relevantes:63% dos entrevistados já deixaram de pedir delivery por causa do preço;94% dos consumidores e 81% dos restaurantes acreditam que os custos dos apps encarecem os pedidos;85% dos estabelecimentos investiriam o valor economizado em melhorias;92% dos clientes comprariam mais se houvesse um app sem taxas para os restaurantes.Gigantes chinesas entram no jogoA 99Food pertence à chinesa Didi Chuxing, que não é a única empresa da China de olho no mercado brasileiro de entrega de refeições.A Meituan, uma das líderes globais do setor, anunciou investimento de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 5,6 bilhões) no Brasil ao longo dos próximos cinco anos, com o objetivo de lançar o aplicativo Keeta ainda em 2025.Com mais de 770 milhões de usuários ativos na China, a Meituan realiza entregas até por drones e faturou US$ 46 bilhões em 2024. A companhia é listada na Bolsa de Hong Kong.Resposta da concorrênciaO iFood, que lidera o mercado nacional desde 2011, pretende investir R$ 17 bilhões no Brasil até março de 2026. A empresa quer:Aumentar sua base de usuários de 55 para 80 milhões;Ampliar o número mensal de pedidos de 120 para 200 milhões;Contratar mais de 1.100 funcionários, ultrapassando 8.600 colaboradores diretos.Já a Rappi projeta investimentos mais modestos: R$ 1,4 bilhão nos próximos três anos para aumentar de 30 mil para 100 mil o número de restaurantes cadastrados e expandir para 300 cidades.Mercado competitivo A 99Food se junta à lista de aplicativos que tentaram, recuaram e agora voltam ao mercado. Outras empresas não tiveram a mesma resiliência:Em 2019, a espanhola Glovo deixou o país após apenas um ano, alegando concorrência intensa;O Uber Eats saiu do setor de entrega de comida em 2022, mantendo apenas serviços de supermercado e pacotes;Em 2023, a própria 99Food suspendeu as atividades para focar em soluções de mobilidade e entrega via moto.

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