Mofo, goteiras e falta de estrutura: com delegacias em situação precária, policiais do RS chegam a trabalhar de casa


Falta de estrutura dificulta trabalho policial no RS
A precariedade das instalações da Polícia Civil do Rio Grande do Sul tem afetado diretamente o trabalho de agentes em Porto Alegre. Delegacias com infiltrações, salas interditadas e até departamentos sem sede revelam a realidade enfrentada pelos profissionais da segurança pública.
Na 14ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, na Zona Norte da capital, o mofo tomou conta da sala de investigações. A umidade descasca a tinta do teto e compromete móveis, como armários apodrecidos.
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Depoimentos são colhidos em salas improvisadas, sem conforto ou privacidade. Policiais relatam dificuldades até para acessar a internet, recorrendo ao sinal do celular dentro dos próprios carros.
Delegacias em situação crítica
Na 16ª Delegacia de Porto Alegre, no bairro Restinga, as portas foram roídas por cupins, e as paredes apresentam rachaduras. A pintura, que parece recente, foi feita pelos policiais, com recursos próprios.
“Para não ficar um ambiente tão insalubre, tão deprimente, os próprios policiais se cotizaram e pintaram as paredes da delegacia”, afirmou Guilherme Wondracek, presidente da Associação dos Delegados de Polícia.
O Palácio da Polícia, sede histórica da administração da corporação, também enfrenta problemas. O terceiro andar está interditado há mais de um ano, com móveis amontoados e telhado coberto por lona.
O gabinete da chefia foi esvaziado em abril e permanece fechado.
O Departamento de Investigações Criminais (Deic), responsável por apurações contra o crime organizado, está sem endereço fixo desde o ano passado. A sede original foi alagada durante uma enchente, e a provisória, destruída por um incêndio em dezembro.
Delegacias de Porto Alegre apresentam estrutura precária
Reprodução/RBS TV
Promessas de reforma
O chefe de Polícia do RS, delegado Heraldo Chaves Guerreiro, afirmou que os processos de reforma da 14ª e 15ª Delegacias estão em fase de contratação. “A Polícia tem olhado para essas estruturas e procurado junto ao governo as melhorias necessárias”, diz.
Sobre o Deic e o Palácio da Polícia, Guerreiro prometeu soluções em breve.
“Estamos em tratativas e nos próximos dias teremos boas notícias. O Palácio da Polícia está em reforma e a previsão é que esteja pronto até maio”, declarou.
Improvisos em operações
A falta de estrutura já impactou operações importantes. Durante um caso de sequestro em Gravataí, os policiais não tinham sala para atuar e usaram a sede da Associação dos Delegados como base improvisada.
“Eles passaram a madrugada lá, não tinham onde ficar”, relata Wondracek.
Fabio Nunes Castro, vice-presidente do Sindicato dos Policiais (Ugeirm), reforça: “É o mínimo que o governo deveria fornecer para nós, para a categoria, que tem feito um trabalho muito bom”.
Delegacias de Porto Alegre apresentam estrutura precária
Reprodução/RBS TV
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